'PSL segue sendo Bolsonaro', diz nome de Bivar para substituir Flávio no RJ
Resumo da notícia
- 'PSL segue sendo Bolsonaro', diz Sargento Gurgel, indicado ao diretório estadual do PSL por Bivar
- Mas ele admite que o partido conversa com Wilson Witzel (PSC) -- que tem trocado farpas com Bolsonaro
- O parlamentar também diz que o PSL pretende lançar candidaturas a prefeituras
Eleito na esteira do bolsonarismo ano passado, o deputado federal Sargento Gurgel (PSL) já fala como substituto do senador Flávio Bolsonaro (agora sem partido) à frente do diretório fluminense do partido — do qual Flávio e o pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se desfiliaram.
Apesar de ter sido indicado ao cargo pelo presidente do PSL, Luciano Bivar, desafeto declarado de Bolsonaro, o Sargento Gurgel afirma que a bancada de 12 deputados estaduais do partido na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) terá liberdade para votar. "O PSL segue sendo Bolsonaro", diz em entrevista ao UOL.
No horizonte político de Gurgel estão as eleições do ano que vem. Por isso, os diálogos por alianças que devem identificar esse "novo PSL" já começaram.
Antes mesmo de ter o nome formalizado no cargo, ele já planeja se encontrar com o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC) —que pode migrar de partido— na próxima semana. Em paralelo, Gurgel afirma que pretende dialogar com os deputados que seguem no PSL, mas declararam fidelidade a Flávio Bolsonaro e prometeram seguir votando de acordo com as ordens da família presidencial —não temendo, inclusive, uma expulsão do partido por desobediência.
Para entender as peças que Gurgel pretende juntar, é preciso relembrar os cacos que se formaram após a quebra do arranjo entre Witzel e PSL no Rio:
- O governador Witzel (PSC) se elegeu e iniciou o governo apoiando Bolsonaro
- A bancada estadual do PSL no Rio apoiava o governo Witzel
- Mas parte do bolsonarismo começou a ver em Witzel anseios de competir com Bolsonaro
- Flávio Bolsonaro, presidente do PSL no Rio, determinou que o partido deixasse a base de apoio a Witzel -- o que nunca aconteceu integralmente
- A situação se agravou com reportagem na Globo associando Bolsonaro ao caso Marielle. O presidente da República diz que Witzel vazou o depoimento do porteiro do condomínio que fazia essa ligação
- Com a saída de Bolsonaro do PSL, Witzel vê espaço no partido
- Parte do PSL deve migrar para o partido de Bolsonaro
- E quem fica deverá escolher lealdade entre Bolsonaro e Bivar
Amizade com Flávio
"Tenho amizade com Flávio há 10 anos, uma relação muito próxima, nos falamos nesta semana. O PSL não vai embaraçar as ações e interesses do governo federal. O PSL segue sendo Bolsonaro. Pretendo conversar com todo mundo. Não tenho nada contra nenhum deputado do Rio e acho que precisamos caminhar", afirma.
O cálculo político, porém, não parece tão simples: oito parlamentares fluminenses estiveram no evento que marcou o lançamento do Aliança pelo Brasil, em Brasília, na última quinta-feira (21), e verbalizaram vontade de trocar de partido assim que a legislação eleitoral permitir.
Em paralelo, as recentes brigas entre Bolsonaro e Witzel podem polarizar ainda mais as disputas internas entre aqueles que se definem como "fiéis" ao presidente da República. Para alguns deputados do PSL, uma aliança com o governo estadual a esta altura é vista como ato de "traição" e afastar-se de Bolsonaro pode custar nas urnas e gerar um desembarque em massa do partido, assim que a legislação permitir a troca.
Enquanto isso, o PSL pretende constituir uma frente de candidaturas a prefeituras do Estado no próximo ano.
No meio desse caldeirão de variáveis, apostar na manutenção desses deputados na base do PSL e negociar com eles futuras candidaturas parece mais interessante. Sobre eventuais expulsões do partido, Gurgel prefere se manter neutro.
"Expulsões de deputados cabem à executiva nacional do partido. O estado não tem conselho de ética. Em 2020, pretendemos trabalhar com as prefeituras, chamando a nossa bancada e vendo se temos ou não candidatos, e quais serão os municípios", completa.
Gurgel, que diz ter sido escolhido pelo seu perfil "conciliador" e por flutuar bem entre bivaristas e bolsonaristas, já encontra um primeiro dilema ao assumir o posto de presidente do diretório estadual do PSL: definir quem seguirá sendo o líder do partido na Alerj.
O posto, hoje com deputado Dr. Serginho —um bolsonarista de primeira hora— é cobiçado por aqueles que não pretendem migrar de partido e querem compor a base do governo Witzel na Alerj. Sobre esta bola dividida, ele prefere não opinar. "Esta é uma decisão dos deputados estaduais".
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