Olavo de Carvalho diz que Alvim "talvez não esteja muito bem da cabeça"
Depois de Rodrigo Maia ir a público sugerir o afastamento do secretário da Cultura Roberto Alvim, chegou a vez de Olavo de Carvalho criticar a postura dele — em vídeo publicado ontem para anunciar novo programa do governo, Alvim praticamente copiou fala de um discurso do ministro nazista Joseph Goebbles.
"É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça. Veremos", escreveu Olavo, no Facebook.
No vídeo, Alvim afirmou que 2020 será um ano de "renascimento" para a cultura e defendeu o "conservadorismo em arte".
Ele aproveitou a tradicional live semanal feita pelo presidente Jair Bolsonaro para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, um novo programa de incentivo cultural a ser lançado na próxima semana.
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", discursou Alvim, ontem.
O livro "Goebbels: a Biography", de Peter Longerich, mostra que o líder nazista teria feito uma fala muito semelhante na década de 1940: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) disse, no Twitter, que o partido pedirá o indiciamento de Alvim pelo crime de apologia ao nazismo.
"Coincidência retórica"
Depois das críticas, o secretário foi ao Facebook se explicar.
O que aconteceu, segundo afirmou o secretário, foi uma "coincidência retórica". Ele disse que "não há nada de errado com a frase" e que a esquerda está "tentando desacreditar" a iniciativa.
"O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota", escreveu. "Com uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte estão tentando desacreditar todo o Prêmio Nacional das Artes [programa anunciado na ocasião], que vai redefinir a Cultura brasileira".
Ele reforçou: "Eu não citei ninguém. O trecho fala de uma arte heroica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro. Não há nada de errado com a frase. Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira. Não o citei e jamais o faria, mas a frase em si é perfeita".
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