Topo

Esse conteúdo é antigo

Maia defende demissão de secretário que imitou discurso de ministro nazista

Do UOL

17/01/2020 09h32

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, se pronunciou hoje, no Twitter, a respeito do discurso proferido pelo secretário da Cultura, Roberto Alvim. Ao anunciar novo programa do governo, Alvim praticamente copiou a fala de um discurso do líder nazista Joseph Goebbles.

Maia sugeriu que o governo deve afastá-lo imediatamente do cargo e classificou como "inaceitável" sua postura em vídeo publicado na noite de ontem, nas redes sociais.

"O secretário da Cultura passou de todos os limites. É inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo", escreveu.

Também na manhã de hoje, Alvim foi criticado por Olavo de Carvalho, que escreveu, no Facebook, que o secretário "não está muito bem da cabeça".

Alvim afirmou que 2020 será um ano de "renascimento" para a cultura e defendeu o "conservadorismo em arte".

Ele aproveitou a tradicional live semanal feita pelo presidente Jair Bolsonaro para anunciar o Prêmio Nacional das Artes, um novo programa de incentivo cultural a ser lançado na próxima semana.

"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", discursou Alvim, ontem.

O livro "Goebbels: a Biography", de Peter Longerich, mostra que o líder nazista teria feito uma fala muito semelhante na década de 1940: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) disse, no Twitter, que o partido pedirá o indiciamento de Alvim pelo crime de apologia ao nazismo.

"Coincidência retórica"

Depois das críticas, o secretário foi ao Facebook se explicar.

O que aconteceu, segundo afirmou o secretário, foi uma "coincidência retórica". Ele disse que "não há nada de errado com a frase" e que a esquerda está "tentando desacreditar" a iniciativa.

"O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota", escreveu. "Com uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte estão tentando desacreditar todo o Prêmio Nacional das Artes [programa anunciado na ocasião], que vai redefinir a Cultura brasileira".

Ele reforçou: "Eu não citei ninguém. O trecho fala de uma arte heroica e profundamente vinculada às aspirações do povo brasileiro. Não há nada de errado com a frase. Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira. Não o citei e jamais o faria, mas a frase em si é perfeita".