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Bolsonaro critica governadores do Nordeste ao lançar colégio militar em SP

Presidente Jair Bolsonaro (centro) participa de cerimônia de lançamento da pedra fundamental do colégio militar de São Paulo - CarolinaAntunes/PR/Agência Brásil
Presidente Jair Bolsonaro (centro) participa de cerimônia de lançamento da pedra fundamental do colégio militar de São Paulo Imagem: CarolinaAntunes/PR/Agência Brásil

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

03/02/2020 11h10Atualizada em 03/02/2020 18h59

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje oito governadores do Nordeste e dois do Sudeste que rejeitaram o projeto das escolas cívico-militares, lançado no ano passado pelo governo federal. Segundo o presidente, a negativa dos governadores aconteceu por "motivos políticos".

"Se quiserem seguir formando militantes e desinformando, tudo bem", disse Bolsonaro durante o lançamento da Pedra Fundamental do Colégio Militar de São Paulo, o 14° do país. O modelo das escolas cívico-militares, no entanto, não tem relação com os colégios militares. A principal diferença está na gestão: enquanto nas escolas cívico-militares a administração é compartilhada por militares e civis, nos colégios militares a gestão é feita pelo Ministério da Defesa.

Lançado por Bolsonaro em setembro do ano passado, o programa nacional das escolas cívico-militares é de adesão voluntária por estados e municípios. São Paulo, Rio de Janeiro e oito estados do Nordeste rejeitaram a proposta.

Só em 2020, há previsão de investimento em R$ 54 milhões para a implementação do projeto das escolas cívico-militares, mas não há definição, até o momento, de todas as unidades que farão parte do modelo. As escolas que aderirem ao programa não terão processo seletivo para ingresso dos alunos.

Nos colégios militares, geridos pelo Ministério da Defesa, há prioridade na ocupação das vagas para filhos de militares e policiais militares. As vagas restantes são preenchidas por concurso em que a disputa, em média, é de 270 candidatos por vaga. Depois de admitidos, os alunos pagam uma mensalidade (no colégio militar do Rio é de R$ 180, por exemplo), mais taxa de associação de pais e mestres.

Os colégios militares começam no 6° ano do fundamental e vão até o final do ensino médio. Alunas não podem usar esmalte colorido nas unhas nem batom. Brincos, joias e óculos devem ser "neutros".

Promessa de campanha

A criação de colégios militares em todas as capitais do Brasil foi uma promessa de campanha de Bolsonaro.

O projeto começou a ser discutido com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) já na pré-campanha, disse Bolsonaro em discurso. "Falei para eles que queria dinheiro depois de eleito. Queria que eles ajudassem na construção desse colégio", afirmou.

A entidade doou os projetos básico e executivo do Colégio, que funcionará em área de 82,5 mil m² no Campo de Marte, na zona norte de São Paulo.

A primeira turma do Colégio Militar de São Paulo, de alunos do 6º ano, será inaugurada hoje na sede provisória da escola, que funcionará no prédio do CPOR (Centro Preparatório de Oficiais da Reserva), em Santana.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, candidato derrotado duas vezes a governador, estava no evento. Já o governador João Doria e o prefeito Bruno Covas, ambos do PSDB, não compareceram. Eles foram representados, respectivamente, pelo secretário estadual de Segurança, general João Camilo Pires de Campos, e pelo secretário municipal de Justiça, Rubens Rizek.

Skaf tem estado presente em eventos com o presidente em São Paulo. No início de janeiro ele estava na inauguração do pronto-socorro da Santa Casa de Santos. Agora à tarde, Skaf receberá o presidente em almoço na Fiesp.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que informou o texto, Rubens Rizek é secretário municipal de Justiça, e não estadual. A informação foi corrigida.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.