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'Legítima defesa', diz Ciro sobre irmão Cid e episódio da retroescavadeira

Do UOL, em São Paulo

17/03/2020 01h07Atualizada em 17/03/2020 01h23

O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), saiu em defesa do irmão Cid Gomes (PDT), recentemente baleado após tentar furar um bloqueio policial em Sobral, a cerca de 230 quilômetros de Fortaleza. Para Ciro, o irmão foi um herói e agiu corretamente, tendo sido vítima da situação.

"O Cid é um herói. Estava lá desarmado, tentou negociar, levou um soco no rosto. Cid quis usar a retroescavadeira para derrubar um portão. Tinha gente atrás do portão, mas quem foi a vítima? Se a gente não tem coragem de lutar, vamos ter pelo menos a decência de respeitar quem tem", disse. "Podemos, sim [pegar uma retroescavadeira], depende da reação. Isso é legítima defesa."

Ciro foi o entrevistado de hoje do "Roda Viva", da TV Cultura. Com sintomas de gripe, como tosse seca e febre, o ex-governador participou do programa por teleconferência. Ele não confirmou o diagnóstico de covid-19 e disse que está isolado por "orientação dos médicos".

Ele também afirmou que a política brasileira é só "lacração em internet" da esquerda e discussão no Congresso Nacional, enquanto o País "vai para o brejo".

"Eu agradeço a Deus por não ter ido lá [em Sobral]", continuou, "acho que teria forçado o portão à mão e teria descido o tapa naquela turma ali. Ou tinha tomado o revólver de um e enfiado em algum lugar", admitiu.

O ex-candidato à Presidência ainda fez duras críticas à imprensa por achar que os jornalistas estariam minimizando o que aconteceu com seu irmão. "É uma indignidade um cidadão ter levado dois tiros no peito e o jornalismo brasileiro ficar relativizando isso. Desculpem, eu sou irmão do cara que levou um tiro", disse Ciro, nervoso.

O ex-governador, por fim, citou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o jeito que ele lida com jornalistas. "Quando o presidente da República fala o que fala de jornalistas e a gente fica nessa 'pseudoelegância', vocês vão ver. Vão ser os primeiros a serem vítimas do que vai ver por aí", completou.

Militares e o 'golpismo fascista'

Questionado sobre os militares, do governo, Ciro disse que "é preciso distinguir com muita clareza" os bons dos maus. Ele citou o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, que seria, na sua visão, uma "grande decepção" e estaria "costeando o alambrado do golpismo fascista".

"Ele [Heleno] fica aí querendo saber como vai praticar a proposta estapafúrdia do Eduardo Bolsonaro, que é o picareta 03, de fazer o novo AI-5. Isso tudo que vocês acham que com elegância nós vamos resolver", disse, novamente cutucando a imprensa. "Então o general Heleno diz que 'precisamos ver como é isso daí'. Depois diz para as instituições: 'f***-se, foi o general Heleno que disse isso'".

Segundo o ex-governador, porém, há generais brasileiros muito preocupados com o alinhamento automático de Bolsonaro aos interesses dos Estados Unidos. "Por exemplo, a entrega da base de Alcântara, inacreditavelmente com aplausos de parte da esquerda brasileira. Essa alienação do Brasil está preocupando [parte dos militares]", avaliou.