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Olavo de Carvalho critica Bolsonaro: 'Agora talvez seja tarde para reagir'

18.mar.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente do STF, Dias Toffoli, em coletiva sobre o coronavírus - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
18.mar.2020 - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o presidente do STF, Dias Toffoli, em coletiva sobre o coronavírus Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

18/03/2020 21h41

O escritor Olavo de Carvalho, considerado o guru da família Bolsonaro, criticou Jair Bolsonaro (sem partido) hoje à noite no Facebook enquanto um panelaço contra o presidente ganhava força em diversas cidades brasileiras.

"Desde o início do seu mandato, aconselhei ao presidente que desarmasse os seus inimigos antes de tentar resolver qualquer 'problema nacional'. Ele fez exatamente o oposto", começou Olavo, na rede social.

"Deu ouvidos a generais isentistas, dando tempo a que os inimigos se fortalecessem enquanto ele se desgastava em lacrações teatrais. Lamento. Agora talvez seja tarde para reagir."

Para o escritor, Bolsonaro não enfraqueceu os seus inimigos e ainda adaptou-se ao sistema, o que pode ser um suicídio político.

"Que é que o Bolsonaro fez contra qualquer dos seus inimigos? Nada. Nada nunca. Só lhes deu umas agulhadinhas, irritando-os em vez de enfraquecê-los. Eleito para derrubar o sistema, o Bolsonaro, aconselhado por generais e políticos medrosos, preferiu adaptar-se a ele. Suicídio", completou.

Mais cedo, Bolsonaro reafirmou algumas ideias do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "Teremos dias duros, mas serão menos difíceis se cada um se preocupar com seus parentes", contou.

Ele ainda acrescentou, em outro momento: "O momento é de grande preocupação, é de gravidade". Ao mesmo tempo, Bolsonaro disse que seu governo "está ganhando" e cobrou elogios a ele mesmo na imprensa. O presidente respondia uma pergunta da TV Globo a respeito dos panelaços contra seu governo realizados na noite de terça-feira em capitais do país.

Segundo o presidente, "se o time ganha, parabéns a todos". "Se o time perde, o primeiro a ser demitido é o técnico. O nosso time está ganhando. Se o time está ganhando, vamos elogiar o seu técnico, o seu técnico chama-se Jair Bolsonaro."

À noite, em pronunciamento no Palácio do Planalto para falar do novo coronavírus, o presidente fez uma série de acenos ao Legislativo e ao Judiciário para tentar mostrar "harmonia" entre os poderes. "Nossa União é que dará o norte que o Brasil precisa", disse Bolsonaro.

Além de sentar ao lado de Dias Toffoli, presidente do STF, Bolsonaro enalteceu o trabalho do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em votações relevantes para o governo no Congresso, como a aprovação de estado de calamidade pública, que ocorreu esta noite.