Bolsonaro chama Doria de "leviano" e "demagogo" em videoconferência
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chamou o governador do São Paulo, João Doria (PSDB), de "leviano" e "demagogo" durante uma videoconferência com os governadores da região Sudeste realizada na manhã de hoje para debater a situação do novo coronavírus. A reunião ocorre um dia depois de o mandatário minimizar em um pronunciamento em rede nacional a gravidade da pandemia.
As críticas de Bolsonaro ocorreram após o tucano afirmar que o presidente deveria "dar exemplo ao país e não dividir a nação em tempos de pandemia".
Bolsonaro também reclamou que Doria teria se apoderado do nome dele nas eleições de 2018 e depois "virou as costas", como fez todo mundo. "Se você não atrapalhar, o Brasil vai decolar e conseguir sair da crise. Saia do palanque", disse o presidente ao tucano.
"Agradeço as suas palavras, seu governador, completamente diferente e dissociada por ocasião das eleições de 2018, onde vossa excelência apoderou-se do meu nome para se eleger governador. Acabou as eleições, como fizeste com (inaudível) no passado, que se elegeu pra Prefeitura, vira as costas e começa a atacar covardemente aquele que emprestou o seu nome pra sua campanha, não de forma voluntária.
Guarde essas suas observações para as eleições de 2022, onde vossa excelência possa destilar todo o seu ódio e demagogia por ocasião da (inaudível). Nós aqui temos responsabilidade. Desde o final das eleições de 2018, vossa excelência assumiu uma postura completamente diferente àquela que teve comigo até por ocasião do meu pronunciamento na ONU. Hoje subiu à sua cabeça a possibilidade de ser o presidente da República. Não tem responsabilidade, não tem altura para criticar o governo federal que fez completamente diferente", afirmou Bolsonaro.
Após a reunião, Doria utilizou sua conta no Twitter para lamentar a postura do presidente. O governador de São Paulo afirma que sofreu um ataque "descontrolado" de Jair Bolsonaro.
O governador de São Paulo pediu "calma" e "equilíbrio" ao presidente em discurso que durou cinco minutos. "O senhor, como presidente da República, tinha que dar o exemplo. Tem que ser um mandatário para comandar, para dirigir e para liderar o país, e não para dividir", afirmou.
Ao começar o discurso, Doria já havia criticado o presidente pelo pronunciamento feito ontem. "Sem diálogo não venceremos a pior crise de saúde pública da história de nosso país. Bolsonaro, inicio na condição de cidadão, de brasileiro, lamentando seu pronunciamento de ontem à noite à nação. Nós estamos aqui, os quatro governadores do Sudeste, em respeito ao Brasil e aos brasileiros, e em respeito também ao diálogo e ao entendimento", explicou Doria.
O tucano tem sido alvo constante de críticas do presidente, assim como o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). O chefe do Executivo federal está insatisfeito com as medidas preventivas de isolamento adotadas nos estados.
"Presidente, como brasileiro e como governador, peço que o senhor tenha serenidade, calma e equilíbrio. Mais do que nunca, o senhor precisa comandar e liderar o país. Para isso, o senhor vai precisar de muita calma, muito equilíbrio e de muita serenidade", declarou Doria ao se pronunciar durante a videoconferência com os governadores do Sudeste.
O governador de São Paulo disse que os 27 governadores trabalham juntos para defender o Brasil. Pediu para Bolsonaro que amplie de seis meses para 12 meses o pagamento de dívidas dos estados com a União.
Doria também pediu para que o governo federal não confisque respiradores e mantenha estradas e aeroportos abertos para circulação de produtos de Saúde.
Ele lembrou que 40 dos 46 mortos foram em São Paulo, que é "epicentro dessa grave crise de saúde"
"Para defender os brasileiros de seus estados, colocamos de lado ideologias, partidarismos, vocações eleitorais ou qualquer item que possa nos colocar afastados da nossa missão de defender o Brasil sobretudo em um momento tão crítico e tão grave. Nossa prioridade é salvar vidas", disse Doria a Bolsonaro.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, também cobrou liderança e responsabilidade do presidente da República.
* Com informações do Estadão Conteúdo
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