Bate-boca e rompimento: como governadores reagiram ao discurso de Bolsonaro
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cadeia nacional na noite de ontem caiu como uma bomba no meio político. E provocou uma reação dura dos governadores de diversos estados.
Em seu discurso, Bolsonaro voltou a minimizar os efeitos da covid-19, chamando a doença de "gripezinha" e "resfriadinho". Ele contrariou orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e conclamou a população a sair às ruas. Além disso, ele criticou novamente a imprensa e ironizou o médico Drauzio Varella.
A reação dos governadores foi subir o tom e manter as medidas restritivas que já estão sendo impostas nos estados. Hoje pela manhã João Doria (PSDB), de São Paulo, bateu-boca com o presidente em uma teleconferência. Já Ronaldo Caiado (DEM), que além de governador de Goiás também é médico, anunciou o rompimento com Bolsonaro.
Veja algumas reações:
Maranhão
Salvar vidas e proteger a economia. Não há incompatibilidade entre uma coisa e outra. Somente não entendem isso os líderes que não conseguem caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo.
Flavio Dino (PCdoB), governador do Maranhão
São Paulo
Presidente, no nosso Estado temos 40 mortos por covid-19 dos 46 em todo o Brasil. São pessoas que tinham RG, CPF, e familiares que continuarão sentindo sua falta. Não são mortos de mentirinha, presidente. E essa não é apenas uma "gripezinha".
João Doria (PSDB), governador de São Paulo
Goiás
É inadmissível o presidente tratar pandemia que já matou quase 20 mil pessoas em todo o mundo, como "resfriadinho". Insensibilidade que fere familiares de vítimas. Sou médico e não aceito isso.
Ronaldo Caiado (DEM), governador de Goiás
Rio de Janeiro
Ao descumprir as determinações sanitárias qualquer um está sujeito a ser responsabilizado. As determinações são claras: fiquem em casa. O home office é uma das medidas adotadas. O empresário que decidir seguir o pronunciamento [de Bolsonaro] poderá, juntamente com quem fez o pronunciamento, ser responsabilizado por suas ações e omissões.
Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro
Espírito Santo
O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro foi desconectado das orientações dos cientistas, da realidade do mundo e das ações do Ministério da Saúde. Confunde a sociedade, atrapalha o trabalho nos estados e municípios, menospreza os efeitos da pandemia. Mostra que estamos sem direção.
Renato Casagrande (PSB), governador do Espírito Santo
Rio Grande do Sul
É urgente encontrar alternativa ao confinamento. Mas não se faz isso com ataques à ciência e cautela médica mundialmente estabelecidas. Não deixamos de olhar economia/empregos. Mas não assistiremos inertes a uma doença se alastrar. Protege-se: 1) a vida; 2) os empregos. Nesta ordem.
Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul
Bahia
Não é gripezinha. Vou continuar trabalhando em defesa da vida. Olhar nos olhos das pessoas e dizer: estamos numa guerra. Acorda. Temos que vencê-la. Chega de discurso vazio e delírios. Vamos trabalhar mais e mais. Responsabilidade. Todos contra o coronavírus.
Rui Costa (PT), governador da Bahia
Pernambuco
Discurso que, lamentavelmente, comprova que o Brasil está sem comando num dos momentos mais desafiadores da história. O sacrifício é imenso, mas todo esforço tem o único objetivo de salvar vidas. Por isso, em Pernambuco as medidas estão mantidas. É tempo de serenidade, união e trabalho.
Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco
Piauí
É difícil não se manifestar frente ao discurso do presidente da República, que vai contra todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Nós vamos seguir o que a ciência nos comprova. O Piauí mantém todas as suas medidas de prevenção à Covid-19.
Wellington Dias (PT), governador do Piauí
Amazonas
A minha posição é muito clara. Não vamos voltar atrás de nenhuma das decisões que foram tomadas pelo governo do Amazonas. Até porque elas foram tomadas de forma responsável e seguindo o protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde do Governo Federal. Fui eleito pra defender e proteger o povo do estado do Amazonas e é assim que vou continuar agindo.
Wilson Lima (PSC), governador do Amazonas
Santa Catarina
Estarrecido com o pronunciamento do presidente da República na noite de ontem em relação às medidas responsáveis de isolamento adotadas por diversos governos, eu venho a público informar para a população de Santa Catarina que iniciamos mais uma quarentena de sete dias. Não há sistema de saúde nenhum do mundo que tenha conseguido dar respostas rápidas. Em alguns países, as pessoas não conseguiram ser atendidas. Morreram em suas casas.
Carlos Moisés (PSL), governador de Santa Catarina
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