Bolsonaro não tem coragem de demitir Mandetta, diz Maia
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "não tem coragem" de demitir o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e mudar a política da pasta para enfrentar a pandemia do coronavírus no país.
A declaração foi dada em teleconferência via YouTube promovida pelo jornal "Valor Econômico" e pelo banco Itaú.
Na conversa, Maia afirmou que se Bolsonaro preferir ouvir quem quer o cargo do ministro de forma oportunista, será uma decisão política, mas o presidente sabe da importância de Mandetta e sabe que o seu trabalho é reconhecido pelos brasileiros.
Sobre a queda de braço entre Bolsonaro e Mandetta no que diz respeito ao isolamento social, Maia criticou a postura do presidente —que defende a abertura do comércio e que jovens voltem ao trabalho— e disse acreditar que o ministro não pedirá demissão.
"Mesmo sendo desautorizado, Mandetta cumpre papel fundamental baseado na ciência, e é fundamental que ele não saia da condução dessa crise. Mandetta não vai pedir o boné mesmo com toda a adversidade", afirmou.
Ontem, em entrevista à rádio Jovem Pan, Bolsonaro disse que "falta humildade" ao ministro da Saúde, mas negou os boatos que circulam desde a semana passada sobre a possível saída dele da pasta.
Para Maia, as críticas de Bolsonaro a Mandetta "mais atrapalham do que ajudam", e afirmou que o ministro tem o apoio dos deputados.
"Governadores têm feito um papel extraordinário sob orientação de Mandetta, e o presidente critica governadores que seguem orientação de seu próprio ministro. (...) Mandetta tem todo o respaldo que precisar da Câmara dos Deputados", declarou.
Impeachment não está no radar, diz Maia
Questionado pelos participantes da teleconferência se um eventual pedido de impeachment de Bolsonaro estaria no radar da Câmara, Maia respondeu que não. Segundo ele, o momento agora é de enfrentamento da crise do coronavírus.
"No meu radar só tem um tema, superar a crise, salvar vidas, garantir empregos e a solvência das empresas, sobretudo as de menor porte", afirmou.
'Brasil não pode ter vergonha de gastar'
Na teleconferência, Maia também abordou aspectos econômicos da crise. Para ele, o governo demorou para apresentar projetos de auxílio para empresas e trabalhadores. Como exemplo, citou a medida de suspensão de contratos com pagamento de seguro-desemprego, que levou 15 dias para ser elaborada.
Maia disse ainda que o Brasil gasta pouco comparado a outros países, como os Estados Unidos, que aprovou um pacote de US$ 100 bilhões para combater o coronavírus.
"Brasil não pode ter vergonha de gastar. Aqueles com cabeça liberal ficam constrangidos de gastar, mas têm de entender que estamos em guerra e numa guerra não pode ter constrangimento", declarou.
"É uma crise que vai passar. (...) Na guerra, você suprime o liberal, mas pode voltar a ser liberal no segundo semestre, quando a crise passar", afirmou Maia.
(*Com informações do Estadão Conteúdo)
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