Sem mostrar resultado do próprio exame, Bolsonaro dá indireta a David Uip
Sem ter apresentado os resultados dos seus exames para o novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) questionou, por meio de uma postagem no Facebook em que volta a defender o uso da hidroxicloroquina, o motivo de, em suas palavras, "dois renomados médicos no Brasil se recusarem a divulgar o que os curou da covid-19".
"Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do Governador de SP? Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil", escreveu.
Bolsonaro não citou nomes, mas recentemente David Uip se recuperou da infecção pelo novo coronavírus e não respondeu se fez o uso de hidroxicloroquina. O médico é chefe do Centro de Contingência ao Coronavírus no Estado de São Paulo.
Outro médico que se recuperou recentemente da covid-19 e está ligado ao combate ao coronavírus no estado é o cardiologista Roberto Kalil Filho. Ele também não respondeu se fez uso do medicamento.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) os estudos disponíveis acerca da eficácia desses medicamentos ainda não são conclusivos e seu uso foi permitido nos casos graves de forma experimental, porque não há ainda tratamento específico conhecido para a doença.
Ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que está em estudo a autorização do uso da hidroxicloroquina e da cloroquina para pacientes com quadros leves da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Médicos e pesquisadores em diferentes países têm estudado o uso da hidroxicloroquina e da cloroquina no tratamento a pacientes com o novo coronavírus.
Doria rebate
A indireta a David Uip, que está na linha de frente na estratégia de São Paulo na luta contra o coronavírus, ocorre em um momento de atrito de Bolsonaro com o governador João Doria.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, João Doria rebateu Bolsonaro. "O presidente da República insiste infelizmente em politizar um tema tão grave quanto essa crise de saúde, a mais grave da história do país. Deveria, sim, ser colocado no âmbito técnico, do entendimento, e através do Ministério da Saúde. Eu não fico me manifestando sobre a cloroquina porque isso é função do time de médicos especialistas, cientistas, que atuam no governo de São Paulo e sabem o que fazer, recomendar, quando recomendar e a quem recomendar.
Vale lembrar que os dois chegaram a discutir em uma teleconferência que tratou do combate à covid-19.
Exames de Bolsonaro
Entretanto, o próprio Bolsonaro é cobrado por não ter mostrado os resultados dos exames que, segundo ele, indicaram que ele não contraiu o novo coronavírus. O presidente realizou três exames para detectar o vírus depois que mais de 20 pessoas da comitiva que viajaram com ele para os Estados Unidos no início do mês passado contraíram a covid-19.
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