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Após 1 mil mortes, Bolsonaro republica vídeo com críticas a isolamento

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

11/04/2020 10h33

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) repostou em rede social hoje um vídeo, editado, defendendo a flexibilização do isolamento social, apesar da pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Ele reproduziu o discurso de 25 de março, quando o Brasil tinha 57 mortes e 2.433 casos segundo a contabilidade do governo federal. Hoje são 1.056 óbitos e 19.638 casos confirmados — mas os números reais são maiores.

Bolsonaro é contra medidas amplas de isolamento social e defende que parte da população retome as atividades econômicas. Nos últimos dias, o presidente foi às ruas e cumprimentou apoiadores em aglomerações, contra as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde).

"Se nós não acordarmos para realidade, daqui alguns poucos dias, deixo bem claro, poucos dias, poderá ser tarde demais", diz no vídeo.

A postagem editada tem uma trilha sonora de fundo e destaca pontos em que o presidente diz que estavam sendo medidas além da normalidade. "Proibindo tráfego de pessoas, de rodovias. Fechando empresas, fechando comércio. Temos aproximadamente 38 milhões de autônomos no Brasil, uma parte considerável deles não está ganhando seu ganha pão", disse.

No vídeo original Bolsonaro dizia que quem "está são, o risco é quase zero. O problema é acima de 60 anos ou quem tem algum problema de saúde". Ele afirmou que parte das mortes aconteciam em decorrência de doenças crônicas ou outros agravantes. Este trecho foi omitido no vídeo editado.

Outro trecho que foi cortado no material editado é sobre as medidas adotadas pelo presidente americano Donald Trump.

"Ontem [24.mar], ouvi um relato das palavras do presidente Trump, dos Estados Unidos, está em uma linha semelhante à minha. Obviamente é um país bem mais poderoso que o nosso. (...) e pelo que tudo indica ele vai reabrir a partir de hoje os postos de trabalho", disse Bolsonaro.

À época Donald Trump cogitava liberar o isolamento até a Páscoa. Mas o que aconteceu foi o endurecimento das medidas naquele país. Os EUA são um dos principais focos da pandemia no mundo. Eles superaram 2 mil mortes em um único dia e somam ao menos 18,5 mil óbitos por Covid-19.

No dia das declarações, Bolsonaro defendia o uso da cloroquina - remédio cuja eficácia não tem comprovação científica.

No pronunciamento original disse que os governadores do Rio e de São Paulo faziam "demagogia barata em cima disso para esconder outros problemas".

"Fiquei sabendo de um governador de que está liberado de pagar conta de energia no seu estado. Olha a que ponto nós chegamos", disse.

Apesar de criticar a ação, nesta semana Bolsonaro editou uma medida provisória para suspender a cobrança de conta de luz de consumidores de baixa renda por três meses.

Vídeo original

Na agenda oficial não há compromissos hoje, mas há expectativa de que Bolsonaro vá à Águas Lindas (GO), para tentar uma reaproximação com o governador Ronaldo Caiado (DEM-GO). O município abriga um hospital de campanha para ajudar no enfrentamento do novo coronavírus.