Planalto investiga assessores de Mandetta e prepara dossiê, diz revista
Um grupo integrado por espiões da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e militares do Exército busca, de forma sigilosa, provas de irregularidades no Ministério da Saúde, comandado por Luiz Henrique Mandetta, com quem o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou em choque nas últimas semanas. As informações são da revista Veja.
De acordo com a reportagem, os alvos da investigação são dois ex-deputados do DEM, amigos de Mandetta, que centralizariam informalmente todas as grandes compras da pasta e foram acusados na delação da Odebrecht de terem recebido caixa dois: José Carlos Aleluia, assessor especial do ministro, e Abelardo Lupion, que atua na diretoria de Gestão.
Segundo Veja, o grupo apura informações sobre pagamentos suspeitos, contratos que foram firmados com empresas que não existem ou só existem no papel e liberação de recursos para prefeituras e cobrança de comissões.
Embora algumas das investigações estejam em andamento desde o ano passado, receberam atenção maior a partir do momento em que Mandetta e Bolsonaro começaram a se desentender. O Planalto, segundo a revista, quer usar esses casos para constranger Mandetta e forçá-lo a se demitir.
Para além das suspeitas de irregularidades na pasta, o Planalto quer colocar o ministro como um gestor incompetente. Segundo um servidor que teve acesso ao trabalho disse à revista, no dossiê há uma lista de erros nas ações de combate à pandemia de coronavírus.
Um dos casos citados envolve a compra de respiradores para hospitais de Manaus. Segundo a fonte de Veja, os equipamentos não puderam ser utilizados porque faltavam peças que não foram compradas.
Troca no ministério em breve
Mandetta disse hoje que a pasta deve ter mudanças nas próximas horas. "Devemos ter uma situação de troca no ministério que deve se concretizar hoje ou amanhã", afirmou.
"Eu sou a peça menor dessa engrenagem, eu escolhi muito bem a minha equipe", completou ao explicar que o trabalho de combate continuará independente de quem assuma o seu cargo.
Ontem, em entrevista à Veja, ele desabafou sobre os desgastes vividos com Bolsonaro durante o enfrentamento da pandemia.
Mandetta se disse cansado após dois meses de trabalho na tentativa de conter a covid-19. "60 dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante", afirmou.
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