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"A história está se repetindo", diz Tales Faria sobre impeachment

Do UOL, em São Paulo

24/04/2020 18h51

O colunista do UOL Tales Faria afirmou na noite de hoje que a "história está se repetindo" ao comparar o processo de impeachment de Dilma Rousseff, ocorrido em 2016, e um possível impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), durante conversa com Diogo Schelp e Maria Carolina Trevisan, do podcast "Baixo Clero".

"Grandes motivos para o impeachment: a pandemia (no sentido que ele [Bolsonaro] furou as regras da OMS, promoveu um risco à saúde pública incentivando as pessoas a irem para rua), além de acusações de Moro (que ele [Bolsonaro] queria interferir nas investigações da Polícia Federal, ter acesso a relatórios]. Isso seriam os motivos do impeachment que os advogados vão ver", disse Faria.

"Quem vai decidir na câmara se isso vai continuar tramitando ou não? É o [presidente da Câmara] Rodrigo Maia, aquele que o Bolsonaro estava chamando a população a derrubar. Agora, é uma situação semelhante, dizem que a história não se repete, mas a história está se repetindo. O Collor mesmo falou que já tinha visto esse filme, viu com ele, teve um impeachment com o MDB. A Dilma, a mesma coisa. Ela tinha uma guerra com o Eduardo Cunha, que viu a oportunidade de 'enfiar a faca', e a Dilma acabou sofrendo", completou.

Durante o pronunciamento de Bolsonaro, em que rebate acusações feitas pelo agora ex-ministro Sergio Moro, lideranças do Centrão não estavam no Palácio do Planalto. Uma possível sinalização para o enfraquecimento político de Bolsonaro.

Moro se torna forte candidato da centro-direita para 2022

Para o colunista, a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça mexe completamente com o quadro eleitoral e rouba o espaço de potenciais candidatos da direito e centro-direita.

"Ele é um fortíssimo candidato, é hoje o mais forte candidato da direita e centro direita, tem uma possibilidade de apoio grande, rouba isso do Bolsonaro, racha o bolsonarismo, traz boa parte do bolsonarismo, e se torna um forte candidato da centro-direita. [Ele, Moro] rouba um pouco o espaço dos candidatos de centro, como Maia, Huck, Mandetta, porque ele tem altos índices de popularidade", avalia.

Tales considera que Moro seria um candidato que a esquerda não gostaria de ter.

"Entra como o mais forte candidato de centro no momento. Ele é o candidato que a esquerda não gostaria de ter. A esquerda gostaria de ter o Bolsonaro, que vai se enfraquecer e chega a 2022, fraco, com o rumo da economia, com aquele grupinho dele de bolsonaristas de raiz. O moro pode levar a direita e o centro", pontua.