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Com saída de Moro, partidos do centrão têm receio de ser base de Bolsonaro

Sergio Moro pede demissão

Band Notí­cias

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

24/04/2020 14h56Atualizada em 25/04/2020 20h06

Com a saída de Sergio Moro (Justiça), a construção de uma base partidária de Jair Bolsonaro (sem partido) no Congresso voltou a ficar em xeque. Parte dos partidos de centro que conversavam com o governo nas últimas semanas teme que não seja o melhor momento para aproximação.

Desde o início do mês, Bolsonaro tenta criar uma base no Congresso e se aproximou de partidos do centro, os mais influentes da Casa, com oferta de cargos na administração. Parlamentares do Solidariedade, Republicanos e PL, próximos às discussões relataram ao UOL que as acusações de Moro levantam dúvidas sobre a entrada no governo.

"Nós vamos continuar trabalhando como temos feito na Câmara, mas o Solidariedade não vai aceitar cargo no governo. Foi oferecido [o porto de Santos], mas a tendência é dizer não. A gente deve procurar o próprio governo semana que vem para dizer não", disse ao UOL o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força.

Paulinho é uma das lideranças do centrão, bloco político formado por DEM, PP, PL, Republicanos, Solidariedade, PSD e outras legendas, e tem influência na Câmara. Ele relatou que o governo havia oferecido a participação do partido no governo dentro do porto de Santos.

Logo após ao anúncio de Moro, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou reunião informal com deputados para avaliar acusações do ex-ministro. Antagonista de Maia, Bolsonaro atacou o presidente da Câmara recentemente e tentou isolá-lo politicamente com um diálogo direto com partidos de centro.

Moro disse que Bolsonaro tenta interferir politicamente na Polícia Federal para ter acesso às investigações e relatórios da coorporação. As acusações são entendidas como crimes por membros do STF (Supremo Tribunal Federal).

"Mais do que nunca Bolsonaro precisa do centro, agora. Mas alguns partidos podem cobrar mais caro", disse um deputado a par das negocaições de Bolsonaro com o Congresso.

Caso avance um eventual processo de impeachment, Bolsonaro terá que ter uma base com ampla maioria da Casa para se garantir na função.

Logo após as acusações feitas por Moro, Maia convocou uma reunião informal com lideranças da Câmara. Parlamentares próximos às discussões esperam o pronunciamento oficial de Bolsonaro, às 17h desta sexta-feira (24), para avaliar melhor o ambiente político.

Nesta semana, o líder do PP, Arthur Lira, postou um vídeo junto a Bolsonaro. O presidente já foi filiado ao PP e tenta criar um diálogo com o partido.