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Maia convoca reunião informal com deputados para avaliar acusações de Moro

Antonio Temóteo e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

24/04/2020 13h45

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou parlamentares para uma reunião informal na residência oficial. A avaliação inicial de deputados que participarão do encontro é que as denúncias do ministro da Justiça, Sergio Moro, apresentadas no pedido de demissão são graves e precisam ser investigadas para determinar se há crime de responsabilidade para um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Os deputados farão avaliações sobre o cenário político do momento e debaterão se há ou não um crime de responsabilidade. Um dos questionamentos é se Moro testemunharia em uma investigação formal e repetiria que o presidente Jair Bolsonaro pediu informações e relatórios de inteligência da PF (Polícia Federal).

"As consequências desse indício de crime de responsabilidade serão uma pressão enorme pela abertura de um processo de impeachment. O impeachment não é um processo só jurídico. É jurídico e político. Tem que ter crime e condições políticas. Os fatos são graves", disse um parlamentar reservadamente.

Um outro parlamentar declarou que o cálculo político sobre a abertura de um processo de impeachment precisa ser cirúrgico porque o Congresso Nacional está concentrado em votar projetos de combate ao coronavírus. Os parlamentares não querem passar a imagem de oportunismo político, mas não podem ignorar a gravidade das denúncias de Moro.

"O que vamos fazer tem que ser na exata medida que gere menos impacto no combate ao coronavírus e a proteção da vida dos brasileiros. Não dá para entrar em uma carnificina política e deixar de lado o combate ao coronavírus. Isso é fundamental", disse outro parlamentar.

Assim como Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), permanecia em silêncio até a última atualização desta reportagem. O UOL apurou que ele avalia o clima político como "muito tenso", mas, nas conversas com parlamentares, tem pedido responsabilidade e calma.

Um pedido de impeachment de Bolsonaro foi formulado hoje pelo líder da minoria, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Fabiano Cantarato (Rede-ES) correm atrás de assinaturas para a instauração de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) com o objetivo de investigar os supostos atos ilícitos.

Embora encontrem apoio entre colegas, como do líder do Podemos, Alvaro Dias (PR), há líderes que esperam mais desdobramentos antes de se manifestar de forma mais contundente. Caso do líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (AM).

Já o líder do PSD na Casa, Otto Alencar (BA), pediu que a bancada do partido espere para assinar qualquer requerimento. Ele avalia que é cedo para qualquer ação nesse sentido em meio à pandemia do coronavírus, mas, em se confirmando a veracidade das falas de Moro, há "motivo de sobra".

O vice-líder do PSDB na Casa, Izalci Lucas (DF), acredita ser um momento em que "todo mundo quer aparecer" e é preciso tranquilidade nas decisões. "A situação não pode comprometer o país", disse, ao acrescentar não haver motivo de impeachment hoje.

O líder do PP, Ciro Nogueira (PI), também declarou que o partido não apoia CPI ou convocação do Moro ao Congresso no momento sob a prerrogativa de que a prioridade de ser "a saúde da população e recuperação urgente do país".

O líder do Pros no Senado, Telmário Mota (RR), classificou uma eventual CPI como "coisa de pessoas saindo para a plateia" e creditou as desavenças entre Bolsonaro e Moro como uma "incompatibilidade de estilo" entre ambos.