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Bolsonaro ironiza Moro com print e diz que acusação é fofoca

DO UOL, em São Paulo

04/05/2020 08h54

O presidente Jair Bolsonaro ironizou hoje, ao deixar o Palácio do Planalto, as acusações feitas pelo ex-ministro de Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de possível interferência na Polícia Federal. Mostrando o print de uma notícia do site O Antagonista compartilhada em conversa entre eles, Bolsonaro disse que é a alegação do ex-aliado é "fofoca".

"Essa é a acusação mais grave contra minha pessoa", disse, mostrando uma folha sulfite com o print da conversa e a palavra "é fofoca" escrita embaixo. "Aqui tem o print de uma matéria do 'O Antagonista' dizendo que eu falei 'mais um motivo para troca'. Sim eu escrevi isso. Estão me acusando por causa disso, dizendo que estou interferindo na PF por causa disso. E estou dizendo que é fofoca embaixo", disse,

A conversa ironizada por Bolsonaro foi apresentada por Moro no Jornal Nacional como possível prova de interferência. Nela, o presidente compartilha uma notícia de investigação da PF e diz ao ex-ministro: "mais um motivo para troca".

Após abertura de inquérito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar as acusações, Moro prestou depoimento de 8 horas de duração à Polícia Federal, sábado, em Curitiba.

Nele, o ex-ministro confirmou as acusações sobre crimes de interferência política na PF e apresentou novas provas entre áudios, troca de mensagens e e-mails. Em declaração publicada pela revista Veja, Moro disse ter entregado "bastante prova material" para embasar suas alegações.

Inquérito no STF

A investigação foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, que também quer investigar se o ex-juiz da Lava Jato cometeu crime de denunciação caluniosa.

O inquérito corre no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator é o ministro Celso de Mello, que deixa a corte no fim do ano.

Em entrevista à revista Veja, Moro disse que considerou "intimidação" o fato de a Procuradoria-Geral da República o investigar por suposta denúncia falsa.

Aras foi indicado ao cargo pelo próprio Bolsonaro, numa ação em que o presidente deixou de escolher um nome da lista tríplice de candidatos eleitos internamente pelo Ministério Público Federal.

Em resposta, Aras disse que não admite ser manipulado ou intimidado.

A demissão de Moro foi o desfecho de uma crise que começou em 2019, quando Bolsonaro interveio na PF no Rio de Janeiro.

Ao pedir exoneração do cargo de ministro no último dia 24 de abril, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir e receber dados sigilosos de investigações da Polícia Federal.

Bolsonaro admite que quer ter acesso a relatórios de inteligência diretamente da PF todos os dias. Moro afirma que isso é interferência e que é uma atitude antirrepublicana e contra os princípios constitucionais. Bolsonaro considera que esse procedimento é normal.