Revista: Moro diz que entregou provas materiais: "Tem bastante coisa"
A revista Veja publicou hoje declarações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro dizendo que entregou provas materiais em depoimento realizado ontem na Polícia Federal, em Curitiba.
"Foi um depoimento longo, mas tranquilo. Fiz um relato histórico de uma série de situações. Prova material? Tem bastante coisa", disse Moro, segundo relatos de interlocutores ouvidos pela revista.
Ao todo, o depoimento demorou oito horas. Nele, Moro reafirmou as acusações contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre crimes de interferência política na PF e apresentou novas provas entre áudios, troca de mensagens e e-mails.
A revista ainda diz que Moro disse a interlocutores que o conteúdo completo de seus esclarecimentos se tornará público apenas quando o ministro Celso de Mello, relator do inquérito no STF, autorizar o levantamento do sigilo de suas declarações.
Inquérito no STF
A investigação foi aberta a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, que também quer investigar se o ex-juiz da Lava Jato cometeu crime de denunciação caluniosa.
O inquérito corre no Supremo Tribunal Federal (STF). O relator é o ministro Celso de Mello, que deixa a corte no fim do ano.
Em entrevista à revista Veja, Moro disse que considerou "intimidação" o fato de a Procuradoria-Geral da República o investigar por suposta denúncia falsa.
Aras foi indicado ao cargo pelo próprio Bolsonaro, numa ação em que o presidente deixou de escolher um nome da lista tríplice de candidatos eleitos internamente pelo Ministério Público Federal.
Em resposta, Aras disse que não admite ser manipulado ou intimidado.
A demissão de Moro foi o desfecho de uma crise que começou em 2019, quando Bolsonaro interveio na PF no Rio de Janeiro.
Ao pedir exoneração do cargo de ministro no último dia 24 de abril, Moro afirmou que Bolsonaro tentou interferir e receber dados sigilosos de investigações da Polícia Federal.
Bolsonaro admite que quer ter acesso a relatórios de inteligência diretamente da PF todos os dias. Moro afirma que isso é interferência e que é uma atitude antirrepublicana e contra os princípios constitucionais. Bolsonaro considera que esse procedimento é normal.
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