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Bolsonaro diz no Twitter que isolamento total por coronavírus é 'tirania'

15.mai.2020 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia no Palácio do Planalto - Gabriela Biló / Estadão Conteúdo
15.mai.2020 - Presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante cerimônia no Palácio do Planalto Imagem: Gabriela Biló / Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

16/05/2020 10h21Atualizada em 16/05/2020 15h31

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) postou hoje em sua conta no Twitter que o isolamento social defendido para conter a propagação do novo coronavírus no Brasil é uma "tirania". E ainda criticou os apoiadores da medida.

Autoridades de saúde no Brasil e em vários países, além da OMS (Organização Mundial da Saúde), recomendam que as populações dos países atingidos pelo novo coronavírus fiquem em casa, em quarentena e com o mínimo contato externo, para controlar e reduzir as infecções e mortes por covid-19.

"O desemprego, a fome e a miséria será (sic) o futuro daqueles que apoiam a tirania do isolamento total", afirmou Bolsonaro.

Acompanhando a mensagem, Bolsonaro compartilhou um vídeo de ontem em que o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), rasga elogios ao presidente, durante pronunciamento sobre o auxílio emergencial.

"Desde o início dessa pandemia no Brasil, o presidente Bolsonaro sempre teve a preocupação de poder equilibrar as ações e os cuidados na área da saúde com as ações na área econômica, e principalmente se preocupou com uma rede de proteção que pega os vulneráveis, os que têm contrato de trabalho e a condição de que o país pudesse enfrentar com equilíbrio, bom senso e racionalidade", afirma Lorenzoni.

"O presidente deu à área da saúde todas as condições para que o SUS se fortalecesse, para que os hospitais pudessem se equipar. O apoio foi dado a governadores e prefeitos."

Ainda pela manhã, Bolsonaro compartilhou vídeo nas redes sociais em que um homem não identificado afirma que pessoas com camisa ou bandeira do Brasil não eram permitidas a trafegar em rua do bairro Imbiribeira, no Recife, Pernambuco, por forças de segurança.

Em seguida, o narrador diz que a ordem partiu do governador do estado, Paulo Câmara (PSB). Não há evidências de quando o vídeo foi gravado e do que ocorria no momento. Como legenda na publicação, Bolsonaro escreveu "governador decidindo sobre sua liberdade".

Procurado pelo UOL, o governo de Pernambuco afirmou que a Polícia Militar preveniu ontem uma carreata para que não houvesse aglomeração em Boa Viagem, na capital pernambucana.

O governo afirmou que a ação da polícia seguiu determinações de decretos estaduais e recomendações do Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal para evitar a propagação do coronavírus.

"Não teve, ao contrário do que afirmam organizadores, qualquer motivação política na atuação policial, e sim a de proteger a população contra a disseminação da doença. A ação não visou o conteúdo do protesto, sua orientação política, as mensagens em camisas e materiais, mas o cumprimento das orientações de autoridades sanitárias", informou, em nota.

De acordo com o governo, 12 pessoas foram levadas para uma delegacia, e nove veículos e dois carros de som foram apreendidos. As pessoas conduzidas pela polícia responderão a crimes como desacato e desobediência a determinações sanitárias de prevenção à disseminação da covid-19, disse.

Ainda segundo a nota, 350 pessoas em 70 municípios do estado já foram levadas a delegacias desde 18 de março por descumprirem medidas sanitárias. "Em Pernambuco, já houve 1.381 óbitos e 16.209 pessoas infectadas pelo novo coronavírus", concluiu.

Publicações acontecem após saída de segundo ministro da Saúde

Nesta sexta-feira, o médico oncologista Nelson Teich pediu demissão e deixou o comando do Ministério da Saúde, pouco menos de um mês depois de assumir o posto. Desentendimentos entre ele e o presidente quanto às medidas tomadas pelo governo federal no combate à covid-19 motivaram a saída.

Seu antecessor, o médico Luiz Henrique Mandetta, foi demitido pelo presidente já durante a pandemia também por não concordar com a política de Bolsonaro para a crise sanitária.

Ontem, o número de mortos pela covid-19 no Brasil chegou a 14,8 mil.

Nelson Teich disse, em pronunciamento, que escolheu sair do Ministério da Saúde, sem dizer o motivo que o levou à decisão. Em breve discurso, agradeceu a Bolsonaro pelo convite, mas elogiou estados e municípios, que travam, em sua maioria, uma guerra contra o governo federal diante dos protocolos de combate à pandemia.

"A vida é feita de escolhas e hoje eu escolhi sair. Dei o melhor de mim neste período. Não é simples estar à frente de um ministério como esse num momento difícil. Quero agradecer o meu time, que sempre trabalhou intensamente por esse país", afirmou o agora ex-ministro.

Bolsonaro ouve oração na portaria do Alvorada

Por volta das 11h40, Bolsonaro foi à portaria do Palácio da Alvorada ver apoiadores que costumam aguardá-lo no local. De máscara, o presidente ouviu uma oração feita por um homem de grupo religioso.

O homem afirmou que não há autoridade instituída sem aval de Deus e que Bolsonaro acabará com a corrupção no país. Algumas pessoas ao lado falavam "amém". Bolsonaro ouviu a fala em silêncio, sem se aproximar do público, segundo vídeo publicado pela Presidência. Em seguida, voltou à área interna do Alvorada.

O ato se dá em meio à abertura de inquérito pelo STF (Supremo Tribunal Federal) contra Bolsonaro. O pedido foi feito pela PGR (Procuradoria-Geral da República) após declarações dadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, quando anunciou sua demissão do cargo.

O ex-juiz da operação Lava Jato acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na PF (Polícia Federal) e ter acesso a investigações sigilosas do órgão. Ele ainda disse que não autorizou o uso de sua assinatura eletrônica que apareceu no decreto de exoneração do diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O presidente negou as acusações.