Topo

Esse conteúdo é antigo

Bolsonaro diz que STF não o fará 'meter o rabo no meio das pernas'

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 17h58Atualizada em 22/05/2020 19h44

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse, em um trecho da reunião ministerial do dia 22 de abril, que possíveis decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) contra ele não o farão "meter o rabo no meio das pernas".

O vídeo, cujo sigilo foi derrubado hoje pelo ministro do STF (Celso de Mello), é considerado como uma das principais provas para sustentar a acusação feita pelo ex-ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) de que o presidente tentou interferir no comando da PF (Polícia Federal) e na superintendência do órgão no Rio, fatos esses investigados no inquérito relatado pelo decano do STF. Assista à integra.

'Então não é o ministro ir de peito aberto, enfrentar, entrar no covil dos leões, mas não pode, né? Por exemplo, quando se fala em possível impeachment, ação no Supremo, baseado em filigranas, eu vou em qualquer lugar do território nacional e ponto final!", disse.

"O dia que for proibido de ir pra qualquer lugar do Brasil, pelo Supremo, acabou o mandato. E, espero que eles não decidam, ou ele, né? Monocraticamente, querer tomar certas medidas porque daí nós vamos ter uma crise política de verdade. E eu não vou meter o rabo no meio das pernas. Isso daí zero, zero. Tá certo?"

O presidente também afirmou que os pedidos de impeachment contra ele são baseados em "frescura" e "babaquice".

"Porque se eu errar, se achar um dia ligação minha com empreiteiro, dinheiro na conta na Suíça, porrada sem problema nenhum. Vai pro impeachment, vai embora. Agora, com frescura, com babaquice, não!", comentou.

Inquérito

O ministro Celso de Mello decidiu hoje derrubar o sigilo da reunião ministerial do dia 22 de abril. No despacho publicado no final desta tarde, o decano do STF determinou a divulgação da maior parte da reunião, exceto trechos que tratam de outros dois países e não estão relacionados ao inquérito que investiga se Bolsonaro efetivamente atuou politicamente na PF.

As declarações vêm à tona após o ex-ministro Sergio Moro acusar Jair Bolsonaro de tentar interferir várias vezes na atuação da Polícia Federal, pedindo informações sigilosas e por fim trocando o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo. A queda de Valeixo, há cerca de um mês, acabou culminando no pedido de demissão de Moro.

Os dois ex-funcionários do Governo já prestaram depoimento à Polícia Federal sobre as supostas interferências de Bolsonaro.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.