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Weintraub em vídeo: 'Botava esses vagabundos na cadeia, começando no STF'

Patrick Mesquita

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 17h17Atualizada em 29/05/2020 07h55

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou durante reunião ministerial realizada em 22 de abril que por ele, colocaria "vagabundos" na cadeia e diz que começaria pelo STF.

A gravação da reunião teve o sigilo quebrado pelo ministro do STF Celso de Mello (assista à íntegra do vídeo). Ele é o relator de inquérito que visa apurar se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tentou interferir na Polícia Federal, acusação feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando para ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais... O povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. O povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF. E é isso que me choca
Abraham Weintraub, ministro da Educação

O ministro da Educação também disse que não quer "ser escravo" no Brasil e fala em "acabar com essa porcaria que é Brasília".

"Eu não quero ser escravo nesse país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar", afirmou.

Em seguida, o ministro disse que odeia o termo "povos indígenas" e "povo cigano". Em sua visão, o brasileiro é um povo só.

Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é... odeio o termo 'povos indígenas', odeio esse termo. Odeio. O 'povo cigano'. Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré

Para o ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, no Brasil existem "privilégios" dados a alguns "povos".

"É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios. Só pode ter um povo, não pode ter ministro que acha que é melhor do que o povo. Do que o cidadão. Isso é um absurdo, a gente chegou até aqui", afirmou.

Inquérito

O ministro Celso de Mello decidiu hoje derrubar o sigilo da reunião ministerial do dia 22 de abril. No despacho publicado no final desta tarde, o decano do STF determinou a divulgação da maior parte da reunião, exceto trechos que tratam de outros dois países e não estão relacionados ao inquérito que investiga se Bolsonaro efetivamente atuou politicamente na PF.

As declarações vêm à tona após o ex-ministro Sergio Moro acusar Jair Bolsonaro de tentar interferir várias vezes na atuação da Polícia Federal, pedindo informações sigilosas e por fim trocando o diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo. A queda de Valeixo, há cerca de um mês, acabou culminando no pedido de demissão de Moro.

Os dois ex-funcionários do governo já prestaram depoimento à Polícia Federal sobre as supostas interferências de Bolsonaro.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.