Fala de Salles empodera criminosos na Amazônia, diz Human Rights Watch
Resumo da notícia
- ONG Human Rights Watch critica fala de Salles na reunião ministerial
- Para representante da ONG no Brasil, fala empodera criminosos na Amazônia
- De acordo com a ONG, Salles não se preocupa com o meio ambiente
- No Twitter, Salles se defendeu e disse que sempre apoiou "simplificar normas"
Em entrevista à GloboNews, o pesquisador sênior de Meio Ambiente da ONG Human Rights Watch, de defesa dos direitos humanos, disse que a fala do ministro Ricardo Salles na reunião de 22 de abril com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), "empodera grupos criminosos que estão roubando um patrimônio dos brasileiros" na Amazônia.
O vídeo da quase totalidade da reunião de Bolsonaro, seus ministros e os presidentes da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, foi liberada ontem (22) pelo ministro Celso de Mello, do STF, responsável pelo inquérito que apura se o presidente interferiu na Polícia Federal, conforme acusa o ex-ministro Sergio Moro.
Na reunião, Salles disse: "enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas", disse o ministro, que afirmou posteriormente que sempre defendeu a "simplificação de normas", mas "dentro da lei".
Tragédia transformada em oportunidade
Muñoz afirmou que é uma "enorme tragédia" ver que o ministro do Meio Ambiente do Brasil tenha dito "ver a covid-19 como uma oportunidade para fazer uma agenda rápida de mudanças que ninguém sabe exatamente o que é. É absolutamente surpreendente e falta de sensibilidade com o sofrimento de todos os brasileiros", disse.
Segundo o representante da Human Rights Watch, Salles desrespeita a democracia ao descrever o Congresso e a Justiça como empecilhos para as políticas que ele pretende implementar no Brasil. "Não é assim que uma democracia funciona", afirmou.
"As propostas do governo devem ser apresentadas e discutidas por todos: Congresso, sociedade e a mídia", disse. "Querer fazer isso por debaixo da mesa, sem debate, é muito grave, muito preocupante", acrescentou o pesquisador.
Para Muñoz, o momento para a preservação do meio ambiente no Brasil é muito grave, quando o país atinge o maior nível de desmatamento em uma década e os órgãos de fiscalização brasileiros estão enfraquecidos.
Fala deixa sob ameaça agentes do Ibama
"Há pessoas na Amazônia sofrendo por isso. A fala de Salles empodera os donos das máquinas, grupos criminosos que estão roubando um patrimônio dos brasileiros e colocando os agentes do Ibama em perigo, que podem sofrer ameaças e assassinatos", afirmou.
Segundo o pesquisador da Human Rights Watch, "é surpreendente também o que o ministro não falou". De acordo com Muñoz, Salles nada disse sobre a temporada das queimadas na Amazônia, que está para começar.
"Ele não falou nada sobre isso. Essa deveria ser a prioridade dele. E o que ele falou é ´vou aproveitar que ninguém está olhando e fazer umas mudanças´ e pronto. Quando o ministro do meio ambiente não se preocupa com o meio ambiente, grupos criminosos muito poderosos entendem que o governo está dando via livre para o que eles querem e atacar quem vive lá", disse.
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