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Fake news: Plataformas de redes sociais não podem se omitir, diz senador

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 19h50Atualizada em 27/05/2020 20h58

A CPMI das Fake News colocou o assunto em investigação por diversas autoridades, mas é necessário que as redes sociais também atuem no combate a notícias falsas e mentiras. Foi o que defendeu hoje o senador Humberto Costa (PT-PE) durante participação no UOL Debate.

A questão foi discutida no mesmo dia em que o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a suspensão do inquérito que apura ataques, ofensas e ameaças contra ministros da corte. A investigação resultou, pela manhã, em operação da Polícia Federal contra políticos, empresários e apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).

"Nós achamos que a intenção que o projeto de lei tem é muito positiva, nós não podemos continuar no Brasil vivendo essa realidade", disse o senador. "Nós achamos que é preciso ampliar a responsabilização das próprias plataformas de redes sociais. Elas não podem se omitir diante do que acontece."

Apesar da cobrança, Costa lembrou que diversas ferramentas já têm trabalhado na questão.

"Elas próprias já têm evoluído, a gente vê de vez em quando o próprio presidente da República tendo uma postagem desautorizada por ser uma pregação de ódio ou ser uma informação que não corresponde à realidade. Nessa semana, nos EUA, o próprio (presidente Donald) Trump teve uma postagem questionada por uma rede social. E ele, grande democrata que é, está falando em fechar essa rede social", criticou.

Autor do projeto da Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) assegurou que o combate às fake news não representa "nenhum risco para liberdade de expressão". Além disso, criticou plataformas que financiam digitalmente sites de notícias falsas.

"Como funciona os sistemas: as plataformas ganham muito dinheiro, sem saber se aquilo é verdadeiro ou falso. Elas ganham com a movimentação. As empresas não querem abrir mão. O que fizeram com o Trump ou Bolsonaro... Transparência é zero. Direito de resposta é zero. Nós criamos um conteúdo que o cidadão possa publicar o seu conteúdo, mas tem o direito de resposta", disse.

"O tradicional das redes é aquela carinha, mas por trás é um robô. Com esse projeto de lei, você tem alguma coisa mais transparente. Nos jornais, como O Globo, a Folha de São Paulo, você sabe quem assinou as matérias e de onde vêm os recursos. Nos sites, não."

"Estamos ouvindo todas as várias plataformas. Mas quem ganha milhões não quer mudar. E quem comanda robôs também não", analisou o senador, segundo o qual não será possível resolver o problema "sem trazer as empresas para o centro do debate".