Maia: Tom de Bolsonaro é ruim, mas decisões do STF estão sendo respeitadas
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que o tom adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra o STF foi ruim e excessivo, mas que as decisões da corte estão sendo respeitadas. Hoje, em pronunciamento em frente ao Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo disse que "decisões absurdas não se cumprem" e que "tudo tem um limite" ao se referir ao Supremo Tribunal Federal.
Em entrevista à Rádio Tupi, Maia disse que algumas frases foram mal colocadas por Bolsonaro, o que cria um ambiente de maior radicalismo entre as instituições. Porém, ressaltou que, até o momento, cada um dos poderes tem atuado de forma independente.
"As instituições estão garantindo sua independência, com diálogo claro. Algumas coisas mais duras como hoje de manhã, não foi bom, mas o Supremo tem tomado suas decisões, que estão sendo respeitadas. O Congresso tem atuado com independência. E eu espero, mesmo com algumas frases às vezes mal colocadas, que a gente continue com as nossas instituições sendo respeitadas, com independência, e a tentativa permanente de diálogo", disse.
Em pronunciamento nesta manhã, Bolsonaro disse que "decisões absurdas" não precisam ser cumpridas ao comentar a operação de ontem relacionada ao inquérito das fake news que tinha entre os alvos alguns aliados e apoiadores do presidente. Para Maia, o fato de o Governo ter entrado com recursos judiciais indica que, apesar do discurso, as decisões têm sido cumpridas e a tentativa de revertê-las está seguindo o curso legal.
"Acredito que mesmo com todo discurso de crítica, a decisão tem que ser cumprida, não podemos ser a favor quando é contra um adversário nosso e vice-versa. Essas questões não são de política, são do respeito da democracia, da constituição e das leis que precisam ser respeitadas. Tem o direito de crítica, o tom é ruim, excessivo, mas sempre tem que se respeitar às decisões. E a decisão de recorrer já indica que vai respeitar", disse.
Maia, no entanto, concorda que as frases ajudam a acirrar os ânimos entre os poderes. "Ele fez críticas à ação do STF... o Supremo vai ter apoio do legislativo e da sociedade para tomar suas decisões de forma independente. Frases como essa apenas criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições, devemos tentar garantir o mínimo de civilidade nas relações e o respeito às decisões de cada um dos poderes", disse.
No pronunciamento, Bolsonaro ainda acusou o ministro do STF Celso de Mello de abuso de autoridade por sua decisão de levantar o sigilo da reunião ministerial que faz parte do inquérito que apura uma possível tentativa de interferência do presidente na Polícia Federal. Para Maia, a frase também foi infeliz.
"Uma frase muito ruim. Com o vídeo divulgado, os ministros mostraram que as frases (usadas na reunião) foram péssimas e acho que a decisão do próprio Alexandre de Moraes (ministro do STF) querer ouvir o Weintraub (ministro da Educação) precisa ser respeitada, até porque sempre se pode recorrer", disse.
"Declaração grave" de Eduardo Bolsonaro
Rodrigo Maia ainda classificou como grave a frase do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que falou em "medidas enérgicas" e, em um contexto de ruptura, a questão não é "se, mas quando vai ocorrer".
"Espero que não (não tenha verbalizado uma posição do pai), porque é muito grave", disse, ressaltando que cabem aos partidos apresentarem qualquer tipo de representação contra o deputado no Comitê de Ética.
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