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Ato contra STF e pró-intervenção tem Bolsonaro com criança e uso de cavalo

Felipe Amorim e Stella Borges

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

31/05/2020 12h05Atualizada em 31/05/2020 15h34

Resumo da notícia

  • O presidente Jair Bolsonaro participou de manifestação em apoio a seu governo em Brasília
  • Manifestantes traziam faixas com críticas ao STF e pedido de "intervenção militar"
  • Bolsonaro sobrevoou o ato de helicóptero, pousou para falar com apoiadores e andou em um cavalo da Polícia Militar

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram uma manifestação na manhã de hoje na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Em meio ao acirramento das relações entre o governo e o STF (Supremo Tribunal Federal), alguns manifestantes carregaram faixas com os dizeres "abaixo à ditadura do STF" e "intervenção militar". Havia ainda uma bandeira que pede "intervenção no STF".

Em live transmitida em suas redes sociais, o presidente sobrevoou o local de helicóptero e acenou para os manifestantes. Depois que a aeronave pousou, Bolsonaro, sem usar máscara, percorreu o cercado onde se aglomeravam os manifestantes, contrariando as orientações de autoridades sanitárias para manter distanciamento social por causa do novo coronavírus. O mandatário também pegou uma criança no colo.

Imagens transmitidas pela CNN Brasil mostraram que o presidente ainda andou a cavalo durante a manifestação. Bolsonaro ficou por cerca de 25 minutos no local e dirigiu-se ao Palácio da Planalto, antes de retornar ao Palácio da Alvorada. A manifestação foi convocada por redes sociais e a concentração começou por volta das 10h. O presidente chegou ao local por volta das 12h.

O uso de máscara no Distrito Federal como medida de prevenção contra a covid-19 é obrigatório. Quem for pego sem máscaras em espaços públicos poderá ser autuado e multado a partir de R$ 2 mil. O governador Ibaneis Rocha (MDB) fez um apelo para que a população fique em casa hoje, seguindo as recomendações para evitar a disseminação da doença.

Na semana passada, o STF foi alvo de novos ataques por parte de Bolsonaro e seus apoiadores. Na última quarta-feira (27), a Polícia Federal cumpriu 29 mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito das fake news na Corte.

Um dos investigados, o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), participou do ato na capital federal. Ele e um grupo de apoiadores, vestindo camiseta do "Movimento Conservador" entoaram um grito de ordem contra o STF. "Supremo é o povo", bradaram.

No sábado, Bolsonaro voltou a criticar Moraes, postando um vídeo em que o ministro fala de liberdades e também afirmou que "tudo aponta para uma crise", citando críticas à imprensa e ao STF. Ele também circulou sem máscara em eventos em Goiás.

Filha de Jefferson participa de manifestações

A ex-deputada federal Cristiane Brasil, filha do presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, foi outra a participar das manifestações.

Jefferson é o mais novo aliado de Bolsonaro, após movimento do Palácio do Planalto para se aproximar do bloco de partidos do Centrão, do qual o PTB faz parte, na tentativa de construir uma base aliada ao presidente da República.

Cristiane publicou uma foto em seu Twitter exibindo sua participação nas manifestações. Ela usava uma camiseta replicando frase dita pelo seu pai contra o STF: "A toga não é mais forte que o fuzil."

Jefferson, condenado no Mensalão, recentemente foi alvo de operações no inquérito das fake news. Ele já conclamou o presidente a convocar 'o poder moderador das Forças Armadas'.

O discurso distorce interpretação do artigo 142 da Constituição, que apenas estabelece funções, direitos e deveres dos militares no Estado Democrático de Direito.

O artigo não prevê nenhuma possibilidade de 'intervenção militar' que possa ser convocada pelo presidente da República, nem permite ao Planalto decretar o fechamento de outros Poderes em um 'contragolpe' com auxílio das Forças Armadas. A leitura incorreta já foi feita anteriormente pelo próprio Bolsonaro.

Quem também participou da manifestação foi o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida. Ele publicou uma foto em seu Twitter usando máscara de proteção e posando ao lado de um cartaz que diz "Guedes tem razão". Segundo ele, sua participação no ato é "em defesa das reformas econômicas".

Avaliação

O protesto a favor do presidente ocorre após a última pesquisa Datafolha indicar uma piora na avaliação de Bolsonaro, em meio ao avanço da pandemia do novo coronavírus. Levantamento realizado nos dias 25 e 26 de maio mostra que, dos 2.069 entrevistados, 50% consideram a avaliação do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da covid-19 "ruim" ou "péssima"

Ontem à noite, no mesmo local, o grupo bolsonarista "300 pelo Brasil", liderado pela ativista Sara Winter, fez um protesto com gritos de ordem contra o STF. Cerca de 40 pessoas participaram e seguravam tochas acesas e alguns vestiam máscaras de personagens de filmes de terror.

(Com Estadão Conteúdo)

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.