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Grupos bolsonaristas usavam chácara no DF para reunião e treino paramilitar

Material apreendido em uma chácara que funcionava como ponto de apoio de grupos extremistas pró-governo, no Distrito Federal - PCDF/Divulgação
Material apreendido em uma chácara que funcionava como ponto de apoio de grupos extremistas pró-governo, no Distrito Federal Imagem: PCDF/Divulgação

Andréia Martins

Do UOL, em São Paulo

22/06/2020 12h30Atualizada em 22/06/2020 13h55

A chácara que foi alvo de uma operação de busca e apreensão pela Polícia Civil do Distrito Federal ontem era usada pelos grupos "300 do Brasil", Patriotas" e "QG Rural", apoiadores do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para reuniões e treinamento paramilitar.

No local, que fica na região de Arniqueira, a 22 quilômetros de Brasília, foram apreendidos fogos de artifício, planos de ação para manifestações, celulares, um facão, um cofre e outros materiais que seriam usados em protestos antidemocráticos.

"A gente acredita que esse acampamento era utilizado pelo grupo para reuniões e treinamentos, assim como naquele acampamento, na região de Rajadinha, onde que o grupo declarava fazer treinamentos paramilitares, de inteligência e outros", disse o delegado Leonardo Castro, coordenador da CECOR (Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado), em coletiva de imprensa na manhã de hoje.

Segundo Castro, algumas delegacias do Distrito Federal investigavam crimes ligados a esses grupos em redes sociais. O CECOR, que investiga apenas grupos criminosos, reuniu os dados e viu indícios do que poderia ser associação criminosa ou milícia privada.

"Os suspeitos já disseram que guardam armas e, durante a semana, declararam que na manifestação de domingo haveria uma grande surpresa para os governantes. Isso fez a polícia apressar a realização de buscas", afirmou.

O grupo teria migrado para a chácara após a desmobilização do outro quartel, identificado como Núcleo Rural Rajadinha, também no Distrito Federal. Eles realizavam serviços de inteligência para impedir que a polícia chegasse ao local. "Ainda não sabemos precisar há quanto tempo eles estavam no novo endereço, disse o delegado.

Entre os itens apreendidos, um caderno de anotações chamou atenção. Segundo o delegado, ele parece ser uma prestação de contas, "o que pode levar a uma investigação sobre os financiadores dos grupos".

A apreensão aconteceu uma semana depois da sede do STF (Supremo Tribunal Federal) ter sido atacada com fogos de artifício. A polícia também encontrou várias câmeras de segurança que cobrem toda a extensão do local. As imagens ainda serão analisadas.

O empresário goiano André Luiz Bastos Paula Costa, apontado como dono do imóvel, será investigado.

"O dono do imóvel é integrante de um desses grupos, o que pode ser um indício de que ele seja um dos financiadores, justamente por disponibilizar o imóvel ao grupo", disse o delegado. Costa já é investigado por ameaçar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), em vídeos postados nas redes sociais.