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Jornalista recebe desculpas de Bolsonaro, mas diz que manterá ação judicial

28.mai.2020 - O presidente Jair Bolsonaro - EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
28.mai.2020 - O presidente Jair Bolsonaro Imagem: EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

30/07/2020 23h04

A jornalista Bianca Santana, colunista de Ecoa, recebeu hoje um pedido de desculpa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que, dois meses depois de citá-la, reconheceu que ela não escreveu uma reportagem criticada por ele em 28 de maio. Ela reiterou que manterá a ação judicial em busca de uma indenização —que promete doar para que seja feita Justiça pelo assassinato de Marielle Franco. Ela alega que Bolsonaro não cometeu "meramente um erro".

"O presidente Jair Bolsonaro acaba de pedir desculpas publicamente por ter me acusado, na live de 28 de maio, de ser autora de um texto que nunca escrevi. Tirou toda a live do ar. E diz que não tem problema em errar, nem em reconhecer erros, e que teria dito meu nome por estar 'lá embaixo' na mesma página. Mas a menção ao meu nome não foi meramente um erro. Na página em que está publicada a notícia lida por Jair Bolsonaro, não há o meu nome. Por que o presidente insiste, com outra informação falsa?", escreveu Bianca nas redes sociais.

Bianca se manifestou momentos após a live de hoje. Ela ressaltou que a acusação feita em maio pelo presidente da República feriu sua honra e que o "equívoco" pode ter tido relação com o fato de que ela havia escrito um texto sobre o caso Marielle poucos dias antes de ser acusada por Bolsonaro.

Bolsonaro não se equivocou, ele violou direitos e provocou um dano à minha honra. - Bianca Santana

Sem apresentar provas, Bolsonaro justificou que o nome de Bianca Santana aparecia "lá embaixo" na reportagem que ele tratou como fake news em maio.

"Eu quero ler uma nota porque eu erro também. Não vou culpar a minha assessoria, mas eu erro. Lamento o ocorrido na live de 28 de maio. Peço desculpas à jornalista Bianca Santana. Eu fiz a referência a várias reportagens de fake news, e uma falei que era dela. Não era dela, tinha o nome dela lá embaixo. Houve equívoco da minha parte. Não era da jornalista Bianca Santana, minhas desculpas a Bianca Santana por esse equívoco nosso. Inclusive, já mandei retirar toda a live do ar. Da nossa parte, não tem problema se desculpar quando erra", disse o presidente na live de hoje.

Bolsonaro finalizou esta declaração dizendo que "jornalistas também erram bastante".

O presidente Jair Bolsonaro acaba de pedir desculpas publicamente por ter me acusado, na live de 28 de maio, de ser autora de um texto que nunca escrevi. Tirou toda a live do ar. E diz que não tem problema em errar, nem em reconhecer erros, e que teria dito meu nome por estar "lá embaixo", na mesma página. Mas a menção ao meu nome não foi meramente um erro. Na página em que está publicada a notícia lida por Jair Bolsonaro, não há o meu nome. Por que o presidente insiste, com outra informação falsa? Bolsonaro não se equivocou, ele violou direitos e provocou um dano à minha honra. Vale lembrar que, na semana quando fui citada pelo presidente, havia escrito um texto sobre as relações da família Bolsonaro com a milícia acusada do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Durante a live, Bolsonaro segurava um papel em que é possível ver uma fotografia de Marielle. Por que o meu nome estava na mesa do presidente naquele dia? Qual o envolvimento da família Bolsonaro com o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes? #QuemMandouMatarMarielle? Também repito que, desde o início do governo Bolsonaro, ele ou seus ministros atacaram jornalistas mulheres 54 vezes, segundo levantamento da Artigo19. E que a maior parte dos ataques a jornalistas, segundo a Fenaj, foi praticada pelo próprio presidente. Sigo exigindo, individual e coletivamente, que os ataques sejam interrompidos e que o Estado brasileiro garanta um ambiente seguro para a liberdade de expressão, organização e manifestação política. Entendendo as desculpas. Fico animada por meus pedidos no processo terem sido parcialmente atendidos pelo presidente antes mesmo do julgamento. Mas sigo com a ação judicial, que tem também o objetivo de inibir que Jair Bolsonaro siga atacando jornalistas e para que seja atendida a solicitação de indenização, a ser doada integralmente para a busca de justiça pelo assassinato de Marielle Franco. Agradeço e parabenizo o excelente trabalho des advogades que me representam: Sheila de Carvalho, Flavio Siqueira, Priscila Pamela, Thiago Amparo e Maria Clara D'avila. Para finalizar, por favor, leiam o pedido de impeachment divulgado hoje pela @coalizaonegrapordireitos

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Leia todo o texto da jornalista Bianca Santana:

O presidente Jair Bolsonaro acaba de pedir desculpas publicamente por ter me acusado, na live de 28 de maio, de ser autora de um texto que nunca escrevi. Tirou toda a live do ar. E diz que não tem problema em errar, nem em reconhecer erros, e que teria dito meu nome por estar "lá embaixo", na mesma página.

Mas a menção ao meu nome não foi meramente um erro. Na página em que está publicada a notícia lida por Jair Bolsonaro, não há o meu nome. Por que o presidente insiste, com outra informação falsa? Bolsonaro não se equivocou, ele violou direitos e provocou um dano à minha honra.

Vale lembrar que, na semana quando fui citada pelo presidente, havia escrito um texto sobre as relações da família Bolsonaro com a milícia acusada do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Durante a live, Bolsonaro segurava um papel em que é possível ver uma fotografia de Marielle. Por que o meu nome estava na mesa do presidente naquele dia? Qual o envolvimento da família Bolsonaro com o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes? #QuemMandouMatarMarielle?

Também repito que, desde o início do governo Bolsonaro, ele ou seus ministros atacaram jornalistas mulheres 54 vezes, segundo levantamento da Artigo19. E que a maior parte dos ataques a jornalistas, segundo a Fenaj, foi praticada pelo próprio presidente. Sigo exigindo, individual e coletivamente, que os ataques sejam interrompidos e que o Estado brasileiro garanta um ambiente seguro para a liberdade de expressão, organização e manifestação política.

Entendendo as desculpas. Fico animada por meus pedidos no processo terem sido parcialmente atendidos pelo presidente antes mesmo do julgamento. Mas sigo com a ação judicial, que tem também o objetivo de inibir que Jair Bolsonaro siga atacando jornalistas e para que seja atendida a solicitação de indenização, a ser doada integralmente para a busca de justiça pelo assassinato de Marielle Franco.

Agradeço e parabenizo o excelente trabalho des advogades que me representam: Sheila de Carvalho, Flavio Siqueira, Priscila Pamela, Thiago Amparo e Maria Clara D'avila.