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PGR pede ao STF inquérito para apurar possível homofobia de Milton Ribeiro

O ministro da Educação, Milton Ribeiro - Isac Nóbrega/PR
O ministro da Educação, Milton Ribeiro Imagem: Isac Nóbrega/PR

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

26/09/2020 16h30

A PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a abertura de inquérito para apurar eventual crime de preconceito contra homossexuais por parte do ministro da Educação, Milton Ribeiro.

A requisição foi enviada ontem ao tribunal pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques, informou a assessoria da PGR.

Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada nesta quinta-feira (24), Ribeiro atribuiu a homossexualidade de jovens a "famílias desajustadas". Ele afirmou que a educação sexual muitas vezes é usada para incentivar discussões de gênero.

"Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) têm um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios", falou Ribeiro ao jornal.

"Sua Excelência, na oportunidade, fez afirmações ofensivas à dignidade do apontado grupo social", escreveu Jacques na peça encaminhada ao Supremo.

O UOL entrou em contato com o Ministério da Educação para obter um posicionamento sobre o pedido de abertura de inquérito e aguarda retorno.

Antes de assumir o Ministério da Educação, Ribeiro trabalhava na gestão da Universidade Presbiteriana Mackenzie e era integrante da Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Ele também é pastor.

Em 15 de setembro, o ministro buscou se descolar da bancada evangélica afirmando que não representa o grupo e não está no cargo para fazer "pregação".

Parlamentares também pedem investigação

Parlamentares também pedem que o ministro tenha a conduta investigada. O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou ter entrado com representação no Supremo na quinta.

"Trata-se de um ministro da Educação homofóbico, que violenta criminosamente os princípios de respeito e a igualdade entre as pessoas consagrados na Constituição Federal. Meu repúdio, como homossexual e como cidadão, é absoluto a esse ataque preconceituoso, medieval e sórdido, que exige reação imediata de todas as instituições democráticas", escreveu, em nota.

O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) afirmou ter entrado com representação na PGR e defendeu o impeachment do ministro por homofobia, segundo ele. "Não aceitamos que esse governo faça das nossas vidas palanque para incentivar o preconceito e o ódio", se manifestou no Twitter.