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Secretária de Damares viaja à Europa a convite de grupo antiaborto polonês

Angela Gandra da Silva Martins - Pedro Ladeira/Folhapress
Angela Gandra da Silva Martins Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

05/12/2020 10h55

Secretária da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Angela Vidal Gandra da Silva Martins foi a Varsóvia (Polônia), em meio à pandemia do coronavírus, para palestrar em um evento do grupo de extrema-direita Ordo Iuris, que tem como bandeira principal o antiabortismo. A agenda ocorreu entre os dias 11 e 14 de novembro.

A informação foi publicada hoje pela revista "Época" e confirmada posteriormente pelo UOL. De acordo com a reportagem, as despesas foram pagas pela entidade europeia.

O Portal da Transparência do governo federal classifica a viagem de Angela como a "convite", que chegou ao ministério por e-mail e assinado pela coordenadora de projetos da Ordo Iuris, Ewa Rowiska.

Procurada pelo UOL, a Secretaria da Família, pasta chefiada por Angela dentro do ministério, informou apenas que "não confirmava" as informações. Já para a "Época", o governo informou tão somente que a viagem teria sido "autorizada", sem dar detalhes.

O UOL questionou a secretaria se Angela teria empenhado dinheiro do próprio bolso para arcar com algum tipo de despesa relacionada aos dias nos quais esteve em Varsóvia. Não houve resposta.

O direito ou não ao aborto é um tema que tem gerado comoção na Polônia, onde há uma forte tradição católica, desde que a Justiça do país praticamente baniu a interrupção da gravidez, no fim de outubro.

A postura do tribunal constitucional é alinhada com o perfil ideológico do atual governo, considerado nacionalista de extrema-direita.

Antes da decisão, que é inapelável, havia uma perspectiva legal para abortos por anomalias fetais, ameaça à saúde da mãe ou em caso de incesto ou estupro. Agora, a interrupção é considerada inconstitucional.

Nas últimas semanas, milhares de poloneses foram às ruas de Varsóvia e outras cidades para protestar contra o entendimento da Justiça e o governo do presidente Andrzej Duda. Mesmo com as restrições impostas pela pandemia, ao menos cem mil manifestantes, de acordo com a prefeitura da capital, participaram de um ato realizado em 31 de outubro.