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Grupo 'Muda, Senado' decide ter candidato próprio à Presidência do Senado

O grupo  "Muda, Senado" decidiu lançar um candidato próprio à Presidência do Senado para concorrer contra o grupo do atual presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) - Jorge Silva
O grupo 'Muda, Senado' decidiu lançar um candidato próprio à Presidência do Senado para concorrer contra o grupo do atual presidente Davi Alcolumbre (DEM-AP) Imagem: Jorge Silva

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

10/12/2020 14h40Atualizada em 11/12/2020 13h36

O grupo 'Muda, Senado' decidiu hoje que lançará um candidato próprio à Presidência do Senado. O nome do postulante, porém, ainda será definido até 15 de janeiro. As eleições internas para a Presidência e a Mesa Diretora da Casa estão marcadas para fevereiro de 2021.

O 'Muda' pretende enfrentar o candidato escolhido pelo atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que trabalha para fazer um sucessor. Ele queria se recandidatar, mas teve a tentativa proibida pelo STF (Supremo Tribunal Federal). A tendência hoje é que Alcolumbre apoie a candidatura de um senador do PSD. Enquanto isso, o MDB se movimenta para lançar um senador com a benção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Dos integrantes do 'Muda', Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Major Olímpio (PSL-SP) já confirmaram a pré-candidatura. Outros senadores que também podem se candidatar são Alvaro Dias (Podemos-PR), Lasier Martins (Podemos-RS), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Mara Gabrilli (PSDB-SP).

O 'Muda, Senado' é composto por senadores de partidos variados e se formou tendo como principal bandeira o combate à corrupção, com apoio à Operação Lava Jato e à prisão após condenação em segunda instância. Atualmente, o senador Major Olímpio estima que o candidato do grupo contará com 18 votos para a eleição.

Sozinho, o grupo não consegue formar maioria entre os 81 senadores para eleger o seu candidato no primeiro turno. A intenção é conseguir o apoio de outros partidos e buscar uma vaga em um eventual segundo turno do pleito.

No momento, cada integrante do 'Muda' vai acompanhar a decisão dos respectivos partidos e analisar quais dos pré-candidatos do grupo chega a janeiro com mais apoio. Sob reserva, um dos nomes cogitados pelo 'Muda' afirmou que, hoje, Alvaro Dias teria mais chances de chegar ao segundo turno por ser tido como mais moderado e agregador, além de ter longa experiência política.

Major Olímpio afirmou que o 'Muda' chegou à conclusão ser necessário ter um candidato próprio para defender as pautas do grupo. Assim como o colega, Lasier Martins concorda ser preciso reduzir custos do Senado, diminuir a concentração de poder nas mãos do presidente da Casa, permitir maior participação de senadores em decisões como a abertura de CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) e processos de impeachment, e imprimir mais transparência nas votações.

"Prego uma Presidência mais democrática, com reforma do regimento", falou Lasier.

Olímpio já tinha se apresentado como pré-candidato contra Davi Alcolumbre quando este tentava se reeleger. Ele afirma não ter nada pessoal contra Alcolumbre, mas que o atual presidente da Casa representava "rasgar a Constituição", porque a Carta Magna não possibilitaria sua recondução. "A disposição é de não apoiar ninguém que não seja do 'Muda'. Não dá para servir a dois senhores", declarou Olímpio.

As pautas do 'Muda' não avançaram muito em 2019 e ficaram praticamente paradas em 2020. Na avaliação de Olímpio, mesmo que o 'Muda' não tenha conquistado tanto nos últimos anos, "muitas vezes impediu que piorasse o Brasil".

Outra bandeira do grupo é colaborar para que mulheres tenham mais espaço nas decisões importantes do Senado. Portanto, o futuro candidato do 'Muda' deverá atender à demanda da bancada feminina de dar lugares a senadoras na Mesa Diretora e no colégio de líderes.

Jorge Kajuru escolheu como slogan de sua candidatura "Independência e harmonia" para ressaltar sua defesa de que o Senado deve ser autônomo perante outros Poderes. Além das pautas já citadas pelos colegas, se eleito, pretende promover CPIs do Judiciário e do Esporte, analisar pedidos de impeachment de ministros do STF, andar com projetos de taxação de grandes fortunas e de fim de reeleição para cargos do Executivo.

No primeiro mês como presidente do Senado, se eleito, pretende votar o projeto que permite a prisão após condenação em segunda instância e cobrar a votação do fim do foro privilegiado. Atualmente, esses temas estão parados no Senado por falta de apoio suficiente para que sejam pautados.

Kajuru ainda prevê medidas para que todos os senadores, não somente líderes, possam ter mais influência nas decisões da Casa.

"Ele [Alcolumbre] tinha o carinho dos 'Davizinhos' do Senado enquanto tinha a chance da reeleição", declarou, sobre a busca de apoio para um candidato do grupo. Kajuru afirmou, porém, que os colegas que porventura se juntarem ao 'Muda' têm de ter os "mesmos princípios" e serem de reputação ilibada na Justiça.