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Agora cabo eleitoral, Alcolumbre dita ritmo das candidaturas no Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no plenário da Casa - Pedro França/Agência Senado
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), no plenário da Casa Imagem: Pedro França/Agência Senado

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/12/2020 04h00

Assim que o STF decidiu que o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não pode tentar a reeleição, senadores já começaram a articular candidaturas para sua sucessão em fevereiro de 2021. As bancadas, porém, vão esperar que Alcolumbre, tido como forte cabo eleitoral, indique o grupo que apoiará antes de decidir seus candidatos oficialmente.

O MDB, por exemplo, conta com quatro nomes para a eleição ao comando da Casa: Eduardo Braga (AM), o líder do partido, Eduardo Gomes (TO), o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PE), o líder do governo no Senado, e Simone Tebet (MS), a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Embora integrantes do MDB componham a frente do governo no Parlamento e Alcolumbre tenha buscado se mostrar próximo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sobretudo no Amapá em meio ao apagão elétrico, a tendência é que o atual presidente do Senado busque alguém mais independente.

O grupo de Alcolumbre dava como certo que conseguiria o aval do Supremo e, diante da derrota, acredita que o Planalto não se esforçou tanto quanto deveria ao se preocupar mais com a proibição da eventual recondução do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O Planalto, por outro lado, cogita apoiar alguém do MDB, que tem a maior bancada do Senado — 13 dos 81 assentos.

O PSD pretende lançar candidato próprio. Entre eles, o vice-presidente da Casa, senador Antonio Anastasia (MG), é visto como um bom nome por colegas. Próximo de Alcolumbre, ele é visto como preparado, organizado, favorável a pautas econômicas mais liberais, mas sem ser um carimbador do Planalto. O partido conta com 12 senadores.

No Podemos, apesar de saber ser difícil emplacar um de seus senadores no comando da Casa, há o sentimento de que é preciso marcar posição por meio de uma candidatura "independente", até mesmo para cobrar o futuro vencedor da eleição.

O partido não definiu se lançará o próprio candidato. O caminho é conversar com outros partidos junto a integrantes do grupo Muda, Senado. Esse grupo se formou tendo como principais bandeiras o apoio à Operação Lava Jato e à prisão após condenação em segunda instância. Dos integrantes do Muda, Senado, Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Major Olímpio (PSL-SP) já se colocaram à disposição como candidatos.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também é lembrado nas conversas — embora ele não tenha se manifestado sobre uma eventual candidatura.

A esquerda não deve lançar candidato próprio por ser minoria no Senado, sem chances reais de vitória. O rumo a ser tomado, porém, está indefinido e depende de conversas com partidos de centro.

PEC da reeleição perde sentido

Para senadores ouvidos pela reportagem, perdeu sentido a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que possibilitaria a recondução de membros das Mesas Diretoras das Casas Legislativas para um único período subsequente — apoiada por Alcolumbre e seu grupo.

Além de Alcolumbre ter afirmado a senadores próximos que não buscará recorrer da decisão do Supremo, eles consideram ainda que não há mais tempo hábil para que a PEC seja aprovada tanto no Senado quanto na Câmara até o final do ano para então ele se lançar e conseguir apoio maciço a seu nome.

E, mesmo que fosse aprovada no Senado, a avaliação é que a PEC não passaria na Câmara, onde a oposição é maior e há mais interessados em não deixar Maia se candidatar.