Trevisan: Caso Robinho mostra que Justiça brasileira não olha para vítima
Para Maria Carolina Trevisan, colunista do UOL, a condenação em segunda instância do jogador de futebol Robinho por estupro mostra que, ao contrário da Justiça italiana, a brasileira não está "olhando pelo lado da vítima e da mulher".
Ontem, Robinho foi condenado a nove anos de prisão por estupro coletivo de uma jovem albanesa na Itália em 2013.
Segundo a colunista, a defesa do jogador lançou mão de "uma estratégia" utilizada em muitos casos de estupro.
"Uma estratégia de tentar mostrar que a mulher que ele violentou bebia, como se isso fosse um aval para estuprar uma mulher. Então, mostra como a Justiça italiana e a brasileira estão distantes desse assunto nesse momento, olhando pelo lado da vítima e da mulher", disse Trevisan. (Ouça a partir do minuto 19:47)
A declaração foi dada no podcast Baixo Clero #69, apresentado por Carla Bigatto e com a participação dos colunistas do UOL Kennedy Alencar e Trevisan.
A defesa do atacante Robinho tentou desqualificar o relato da mulher albanesa, anexando ao processo um dossiê com 42 fotos na tentativa de mostrar que a vítima consumia bebidas alcoólicas.
Trevisan deu como exemplo também o caso de denúncias contra Marcius Melhem, ex-diretor e humorista da rede Globo.
"Ele [Melhem] o tempo todo fala 'vamos para a Justiça', confiando que a justiça não vai puni-lo por conta disso", disse a colunista. Uma matéria da revista piauí trouxe relatos de fontes que acusam Melhem de assédio sexual.
A colunista também comentou sobre o caso da influenciadora Mariana Ferrer, que relatou em seu Instagram, em 2019, ter sido dopada e estuprada em Florianópolis.
"Ela [Mariana] teve o estupro questionado por conta de fotos que ela tem no instagram e em redes sociais. E essa também foi uma estratégia da defesa de Robinho, mostrar que a mulher que ele violentou bebia, como se isso fosse um aval para estuprar uma mulher. Então mostra como a Justiça italiana e a brasileira estão distantes desse assunto nesse momento, olhando pelo lado da vítima, da mulher", disse Trevisan. (Ouça a partir do minuto 19:32)
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