Casa da covereadora Carolina Iara sofre atentado a tiros na madrugada
A casa da covereadora Carolina Iara, 28 anos, na zona leste de São Paulo, uma das representantes do mandato coletivo Bancada Feminista, eleito para a Câmara de Vereadores de São Paulo, foi atingida por pelo menos dois disparos de arma de fogo na madrugada desta terça (26). Ela chegou às 15h20 no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) para prestar depoimento.
Imagens obtidas por uma câmera de segurança mostraram um veículo Palio branco, com película escura nos vidros, parado em frente da casa de Iara por aproximadamente três minutos, entre 2h07 e 2h10 (horário de Brasília). Vizinhos disseram que foi esse o horário do som dos disparos.
Nas imagens, não é possível ver os ocupantes do veículo nem o momento dos disparos. O autor ou autores dos disparos atiraram por meio de uma grade no portão da casa e os disparos, afirma a vereadora, atingiram, a princípio a parede externa de sua casa.
Ela, a mãe e seu irmão não sofreram ferimentos. Entre o momento do acidente e a vinda ao DHPP, a covereadora reforçou sua segurança pessoal e colheu informações sobre o caso.
Na democracia, não precisa ter segurança [pessoal] para fazer política."
Carolina Iara, antes de falar ao DHPP.
A advogada Paula Nunes disse que a bancada vai pedir que a Câmara peça que a segurança dos vereadores seja reforçada por agentes da Guarda Civil Metropolitana e que a covereadora e a Bancada Feminista continuará monitorando detalhadamente o assédio nas redes sociais.
"[A investigação está sendo] bem encaminhada. Pelo período noturno, a covereadora optou por não sair de casa durante a noite, ficou assustada, mas dentro de sua residência. Hoje pela manhã que ela reparou os dois buracos de bala e já nos procurou aqui no DHPP, foi atendida junto de seu advogado e toda atenção foi dada e já tem equipes na rua, fazendo perícia do DHPP na casa dela", afirmou o delegado do caso, Fábio Pinheiros Lopes, ao Brasil Urgente, da Bandeirantes.
Segundo ele, além de estar o delegado responsável pela delegacia, também estava a delegadada delegacia de delitos da intolerância que cuida justamente desses crimes como homofobia, racismo, preconceito político, religiosos.
"Ela durante durante sua explanação disse que não está sendo ameaçada por ninguém, não tem nenhum suspeito. É que o trabalho que faz é muito expressivo e, querendo ou não, ela vai despertar a maldade em algumas pessoas que são contra o que ela prega. Por isso que a gente tem que dar essa resposta rápida e achar os autores para que não aconteça coisa pior como aconteceu no Rio de Janeiro."
Militância transexual
Iara acredita ter sofrido um atentado político em virtude de sua militância transexual. Carolina Iara é uma pessoa intersexo (pessoa com características físicas e genéticas dos dois sexos) que se identifica como travesti.
Ela afirmou que nunca foi ameaçada pessoalmente, mas que recebeu muitas manifestações de haters (críticos que costumam ser bastante agressivos) em tom político nas redes sociais e assédio sexual (recebeu nudes em sua caixa de mensagens) desde o processo eleitoral que aumentou a sua visibilidade.
Nenhuma das outras covereadoras da Bancada Feminista sofre o que ela sofreu nas redes sociais."
Paula Nunes, advogada e integrante da bancada
O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Proteção à Pessoa do DHPP. A Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP oficiará a Secretaria de Segurança Pública e a Ouvidoria da Polícia para que ambas deem prioridade e acompanhem o caso.
Bancada Feminista
A Bancada Feminista foi eleita com 46.267 votos para uma vaga na Câmara de Vereadores de São Paulo pelo PSOL, partido que elegeu a maior bancada da trajetória do partido no município, com seis mandatos.
O mandato coletivo tem cinco covereadoras e a candidata formal foi a professora Silvia Ferraro, que participará das sessões em plenário, mas todas as covereadoras participarão do mandato.
A líder do PSOL na Câmara, vereadora Luana Alves, cobrou da presidência da casa um aumento do efetivo de segurança da bancada do partido na casa, que triplicou. O partido também afirmou que foram tomadas medidas de segurança ao longo do dia para proteger a covereadora e seus familiares.
Tanto ela como a família estão bem e ninguém ficou ferido em mais um episódio de violência política contra uma mulher negra, travesti e intersexo que foi eleita para representar o povo paulistano na Câmara Municipal ao lado da Bancada Feminista."
PSOL, em nota
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