Baleia reclama de interferência do Planalto em eleição da Câmara
Candidato à presidência da Câmara, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) reclamou hoje da interferência do Palácio do Planalto na disputa. O emedebista fez coro à reclamação do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que chegou a discutir nesta semana com o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, por causa da influência do Executivo no pleito.
Baleia é o candidato apoiado por Maia. Seu principal adversário é o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
"Estou muito confiante nesta eleição. Acho que a interferência excessiva do Executivo no Legislativo não é bom para o Parlamento, não é bom para o Brasil", disse Baleia. "Esta interferência apequena nosso Parlamento. Quero ser presidente da Câmara dos Deputados, de uma Câmara que não se vende por 30 moedas", completou o candidato.
O deputado participou de uma rodada de entrevistas com os candidatos à presidência da Câmara promovida pela Frente Parlamentar Ética Contra a Corrupção.
Baleia também defendeu uma atuação independente da Câmara, mas harmônica com os demais poderes. "Se a gente quer uma Câmara forte, se cada um dos deputados quer exercer seu mandato na plenitude, a Câmara deve ter a independência que está colocada na Constituição e também harmonia", disse.
Maia também criticou a interferência de Bolsonaro
Ontem, Maia ironizou a tentativa de interferência do Planalto nas eleições e disse que o governo não vai conseguir cumprir as promessas feitas de liberação de emendas em troca de apoio.
"Pela conta que eu fiz e pelo orçamento que teremos para 2021, pelo que eu já vi que o governo está prometendo, vai dar pelo menos R$ 20 bilhões de emendas extra orçamentárias. Só saber em que orçamento que eles poderão cumprir essa promessa", disse o presidente da Câmara.
"A cada dia que passa as pessoas vão vendo que vão ser enganadas nesse toma lá dá cá", completou Maia.
Na última terça-feira (26), Maia discutiu por telefone com Ramos, da Secretaria de Governo, por causa da interferência de Bolsonaro na eleição. Ontem, o presidente da casa reconheceu que passou do tom na conversa e disse que pediu desculpas ao ministro.
Bolsonaro admite influência
Ontem, Bolsonaro afirmou a intenção de "influir" na eleição da Câmara. A declaração foi dada pelo presidente após uma reunião com deputados do PSL, em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.
"Viemos fazer uma reunião com 30 parlamentares do PSL e vamos, se Deus quiser, participar, influir na presidência da Câmara com esses parlamentares, de modo que possamos ter um relacionamento pacífico e produtivo para o nosso Brasil", afirmou o presidente.
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