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Com Silveira, país registra ao menos 6 parlamentares presos durante mandato

30.out.2019 - O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso em 16 de fevereiro após ataques a ministros do STF - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
30.out.2019 - O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso em 16 de fevereiro após ataques a ministros do STF Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Natália Lázaro e Luciana Amaral

Colaboração para o UOL, em Brasília, e do UOL, em Brasília

18/02/2021 04h00

Com a prisão de Daniel Silveira (PSL-RJ), o Brasil registra ao menos seis deputados federais ou senadores que já foram detidos durante o mandato, desde que entrou em vigor a atual Constituição, em 1988.

Segundo a Carta Magna, um parlamentar em exercício da função só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável.

Silveira publicou na internet um vídeo com ameaças aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), além de ter feito apologia à ditadura militar, conforme disse o ministro Alexandre de Moraes. Ele o enquadrou, então, na Lei de Segurança Nacional e determinou sua prisão.

Mesmo que a decisão de Moraes tenha sido ratificada pelos demais magistrados do Supremo, a Câmara precisa analisar a questão. A expectativa é de que os deputados votem em plenário hoje se mantêm ou não a prisão de Silveira.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), busca uma saída para agradar os políticos enrolados com a Justiça, especialmente integrantes do centrão, mas sem criar uma crise com o STF.

Antes de Silveira, ao menos outros cinco parlamentares já foram presos enquanto exerciam o mandato:

João Rodrigues (PSD-SC) - Então deputado federal, ele foi preso pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos, em fevereiro de 2018. Na época, o STF determinou que ele cumprisse imediatamente a pena de mais de cinco anos de reclusão em regime semiaberto por fraude e dispensa de licitação. Alguns meses depois, ele voltou a trabalhar na Câmara após autorização do Supremo.

O deputado federal Celso Jacob (PMDB-RJ) - Divulgação - Divulgação
O deputado federal Celso Jacob (MDB-RJ)
Imagem: Divulgação

Celso Jacob (MDB-RJ) - Também à época deputado federal, foi preso em junho de 2017 pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília. Ele havia sido condenado pelo STF a mais de sete anos de prisão em regime semiaberto por falsificação de documento público e dispensa de licitação quando prefeito de Três Rios, no estado do Rio de Janeiro. Assim como Rodrigues, ele também pôde trabalhar como parlamentar durante o dia.

Paulo Maluf (PP-SP) - Quando deputado federal, Maluf teve o mandato cassado pela Mesa Diretora da Câmara, em agosto de 2018. Em fevereiro daquele mesmo ano, foi afastado do cargo pelo então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Maluf foi condenado pelo STF por lavagem de dinheiro em maio de 2017 e começou a cumprir a pena no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, em dezembro. Em março de 2018, o ministro do STF Dias Toffoli permitiu que o político cumprisse a pena em prisão domiciliar. Os advogados de Maluf disseram que ele estava com a saúde fragilizada.

Natan Donadon (sem partido-RO) - O então deputado federal foi cassado do mandato em fevereiro de 2014, após votação aberta em plenário. Ele havia sido condenado a mais de 13 anos de prisão pelo Supremo por peculato e formação de quadrilha e estava preso desde junho de 2013, na Papuda. Em votação secreta, o plenário havia rejeitado cassar o mandato dele.

Delcidio - Alan Marques/ Folhapress - Alan Marques/ Folhapress
O então senador foi preso por conta da Operação Lava Jato
Imagem: Alan Marques/ Folhapress

Delcídio do Amaral (PT-MS) - O então senador e líder do governo na Casa foi preso em novembro de 2015 pela Polícia Federal sob a acusação de atrapalhar investigações da Operação Lava Jato. No mesmo dia, em votação aberta, os senadores decidiram manter a prisão de Delcídio.

Congresso Nacional x STF

O Congresso Nacional não acatou, por pelo menos duas vezes, decisões do STF.

No início do ano passado, o plenário da Câmara derrubou a decisão de Celso de Mello de afastar o deputado Wilson Santiago (PTB-PB) do mandato, sem julgamento de prisão. Em 2019, o ministro considerou que Santiago deveria ser afastado para não atrapalhar investigações da Operação Pés de Barro, da qual era alvo.

Ainda em 2017, o plenário do Senado Federal foi contrário à decisão da Primeira Turma da Corte de afastar o então senador Aécio Neves (PSDB-MG). Na época, ele estava sendo investigado por corrupção passiva e obstrução da Justiça, além de tentativas de interferir nos andamentos da Operação Lava Jato. Ele foi eleito deputado federal no ano seguinte.