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'Conversas da Lava Jato não comprometem a sentença de Lula', diz Amoêdo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/03/2021 04h00

João Amoêdo (Novo) não considera as conversas entre o ex-juiz Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, entre eles Deltan Dallagnol, como suficientes para interferir nas condenações do ex-presidente Lula, que teve nesta semana suas condenações anuladas por decisão do ministro Edson Fachin, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Durante participação no Baixo Clero #76, o candidato à Presidência em 2018 e fundador do Novo comentou sobre os diálogos revelados pela Vaza Jato, alvo da Operação Spoofing no STF e que embasam a defesa do petista.

"Não tenho os detalhes das conversas, do hacker, mas uma análise macro é: os crimes foram cometidos. Foram julgados em primeira, segunda instância", diz (veja a partir de 16:45), citando que não dá para "eliminar tudo o que foi julgado e mudar por outra coisa".

Também defende Moro, considerando que ele tem agido dentro do "caminho certo". "Talvez algumas coisas tiveram excesso no afã de tornar o processo mais rápido. Nada disso comprometeu o julgamento. As conversas da Lava Jato não comprometeram a sentença de Lula", diz (ver a partir de 18:15 no vídeo acima).

Amoêdo classifica a anulação dos processos de Lula na Lava Jato como mera "burocracia".

As investigações serão repassadas a um juiz em Brasília, mudança jurídica privilegiada, em sua visão. "Não considero ele a pessoa mais injustiçada em 500 anos, não existe", diz, citando afirmação feita no discurso do ex-presidente. "Demos um exemplo de impunidade. Certamente um brasileiro comum não teria tido as benesses que Lula teve."

Segundo ele, o medo de um possível retorno de Lula e do PT atrapalhou o desempenho do Novo nas eleições de 2018. "O grande problema, e aí acho que perdi uma boa parcela de votos, foi que muita gente transformou o primeiro turno no segundo, para liquidar a eleição", afirma (veja a partir de 38:40 no vídeo acima), comparando o primeiro turno, quando há mais candidatos e os votos se dividem, com o segundo, quando há uma polarização entre apenas dois postulantes.

Com o quinto lugar, ao receber 2.679.744 votos, ele avalia ter tido um bom desempenho. "Consegui mais votos do que a Marina [Silva], que o Henrique Meirelles, políticos há muito tempo, mesmo sem eu ser figura pública e sem participar dos debates. Trabalhamos muito para dar opção a Bolsonaro", afirma.

Segundo Amoêdo, o Novo tinha ideias parecidas com as apresentadas pelo projeto do atual presidente, de teor mais liberal na economia, mas que as dele "eram apenas um discurso". "Diferentemente do Novo, que elas iam acontecer na prática."

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