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Presidente do PSDB diz que, entre Bolsonaro e Lula, prefere levar tiro

Lucas Borges Teixeira

Do UOL, em São Paulo

18/03/2021 11h58

O ex-deputado federal Bruno Araújo, presidente nacional do PSDB, disse que votaria em branco caso o segundo turno das eleições presidenciais de 2022 se dê entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao UOL Entrevista, com o repórter Nathan Lopes, do UOL, e Carla Araújo, colunista do UOL, o presidente do PSDB assumiu ter votado em Bolsonaro no segundo turno de 2018 e, citando uma declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de que escolheria Lula em um eventual segundo turno contra Bolsonaro, disse que desta vez faria diferente.

Ele [FHC] foi colocado num pelotão de fuzilamento. Foi dito a ele que tinha que fazer a opção para não levar um tiro. Eu levaria o tiro. Nós [PSDB] vamos trabalhar fortemente, firmemente para ter outra alternativa que não seja as duas. Se chegar a essa alternativa, infelizmente eu voto em branco.
Bruno Araújo, presidente do PSDB

Uma diferença entre Lula e Bolsonaro, disse Araújo, é que o PT "faz parte de um conjunto de partidos que têm apreço, compreensão da importância do processo democrático", mas, ainda assim, está muito distante do PSDB.

Hoje, o PSDB e o PT continuam com largas e grandes diferenças de visões de país, sobretudo do ponto de vista macroeconômico. Com o discurso do presidente Lula na sua coletiva recente, parece que essas posições começam a ficar cada vez mais distantes. O PT faz parte de um conjunto, aí sim, de todos que tiverem no campo da resistência para que permita que a democracia brasileira continue em processo de amadurecimento democrático. Nós vamos seguir.

Para ele, o caminho do PSDB é o centro: nem voltado ao bolsonarismo nem ao petismo. Para o presidente, o partido tem de trabalhar um nome próprio e seguir sua própria ideologia.

Mais da metade dos eleitores brasileiros quer uma alternativa que não seja Bolsonaro e não seja Lula. Nosso papel vai ser construir, com nossos candidatos, no campo do diálogo, uma alternativa que possa capturar mais de 50% do eleitorado brasileiro e outra parte do eleitorado tanto do Bolsonaro quanto do petismo que possa identificar uma alternativa fora dessa polarização, como alternativa de voltar a trazer o país para um ambiente racional de discussão de temas relevantes para reduzir desigualdade social, gerar empego, olhar para economia.

"Nós apostamos que temos a melhor alternativa, o conjunto da opção de unidade de todo o campo de centro, vamos estar abertos ao diálogo", completou Araújo, que insistiu que o partido ficará longe do discurso "radical".

O fracasso de 2018

Esta opção "menos radical", argumentou ele, é o que fez com que o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) acabasse em quarto lugar em 2018, com menos de 5% dos votos, na primeira vez em que o partido não foi para o segundo turno desde 1989.

Segundo Araújo, o paulista era "um candidato decente", mas com "um posicionamento político de temperamento não adequado para a vida publica nacional" naquele ano.

Primeiro que, em 2018, o PSDB vivia um desgaste pela exposição dos problemas que o partido tinha passado. Segundo, porque em 2018 exigiu do candidato a presidente posições muito radicais em relação a todo desgaste que a sociedade brasileira vivia dos últimos anos. [...] Nosso papel em 2022 será buscar uma alternativa distante desses dois polos, do bolsonarismo e do petismo, construir um grau de unidade.

Prévias para 2022

Com dois pré-candidatos visados, os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS), Araújo garantiu as prévias no partido para as eleições gerais. Os candidatos deverão se apresentar em 17 de outubro neste ano e as prévias, marcadas para 30 de abril de 2022.

João Doria tem suas características, foi o brasileiro que permitiu que hoje as vacinas que estão no Brasil, nove de cada dez foram disponibilizadas por ele. Eduardo Leite é o mais preparado politico da nova geração de brasileiro, 35, 36 anos. Se disputar uma eleição de presidente terá 37 anos de idade, claro que é um ativo.

"Nós apostamos que temos a melhor alternativa, vamos fazer dessa a melhor alternativa, o conjunto da opção de unidade de todo o campo de centro, vamos estar aberto ao diálogo", ponderou Araújo. "Se ao longo do tempo nosso pré-candidato entender que há outras alternativas, ele estará legitimado pelo partido. O partido vai votar não só pela escolha do pré-candidato a presidente, mas vai delegar, dar autoridade política para que ele conduza esse processo."

Aécio é "um tema superado"

Para o tucano, a permanência no partido do deputado Aécio Neves (PSDB-MG), indiciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no ano passado, já é um assunto encerrado. Neste ano, Doria voltou a liderar um grupo que buscou expulsá-lo, mas Araújo apontou para outro lado.

Foi um assunto encerrado dentro da executiva, foi revisitado pelo governador João Doria, teve reações internas, houve declarações de outras lideranças do partido no sentido de que a decisão que houve em relação a executiva precisava ser respeitada. O deputado federal Aécio Neves exerce seu mandato, preside a comissão de relações exteriores, nosso projeto agora é olhar para frente.