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Randolfe chama polícia após suposto gesto obsceno de assessor de Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

24/03/2021 20h15Atualizada em 25/03/2021 00h04

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) pediu hoje que o assessor internacional da Presidência da República Filipe Martins fosse retirado das dependências do Senado e autuado pela Polícia Legislativa. Randolfe questiona um gesto feito por Martins durante a fala do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).

O senador do Amapá chamou o gesto feito por Filipe Martins, que juntou o polegar ao indicador, de obsceno, com sentido de "c...". O sinal também vem sendo associado a supremacistas brancos ao redor do mundo, o que foi apontado nas redes sociais. O assessor da presidência estava sentado atrás de Pacheco e, por isso, foi filmado enquanto o presidente do Senado falava.

Rodrigo Pacheco pediu à Secretaria Geral da Mesa e à Polícia Legislativa que identificassem o fato, mas não interrompeu a sessão. Ele disse que se o gesto que Randolfe chamou de obsceno for de fato identificado, providências "enérgicas" serão tomadas.

Martins disse em seu perfil no Twitter que estava ajeitando a lapela do terno e afirmou que as pessoas que o acusaram que reproduzir um gesto autoritário serão processadas.

"Um aviso aos palhaços que desejam emplacar a tese de que eu, um judeu, sou simpático ao 'supremacismo branco' porque em suas mentes doentias enxergaram um gesto autoritário numa imagem que me mostra ajeitando a lapela do meu terno: serão processados e responsabilizados; um a um", escreveu.

Randolfe chamou assessor de "capacho" de Bolsonaro

Visivelmente nervoso, o senador Randolfe chamou Filipe Martins de "capacho".

"Solicito, requeiro, a vossas excelências, na condição de líder da oposição, que ele seja retirado das dependências do Senado e inclusive autuado pela Polícia Legislativa", disse o senador. "Isso é inaceitável, basta o desrespeito que esse governo está tendo com mais de 300 mil mortos a essa altura", completou.

"Não aceitamos que um capacho do presidente da República venha ao Senado durante a fala do presidente do Senado nos desrespeitar". Ao final de sua fala, ele se desculpou por ter se exaltado, mas reiterou: "Não existem mais limites a serem ultrapassados.

Filipe Martins estava no Senado acompanhando a sessão na qual o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, prestava explicações sobre a atuação do Itamaraty na compra de vacinas contra covid-19.

Gesto ligado a movimentos supremacistas

O sinal tipicamente conhecido por significar "ok" vem sendo difundido principalmente nos Estados Unidos como um gesto ligado a movimentos supremacistas de extrema-direita.

Ele é usado pelo grupo Proud Boys, por exemplo, que ajudou na invasão do Capitólio em janeiro deste ano. O sinal também foi usado pelo atirador responsável pelo ataque a mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, em 2019. O gesto pode ainda ser interpretado como um sinal obsceno de "c...".