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Parlamentares expõem gravidade no Brasil e pedem à OMS prioridade em vacina

Senadora Kátia Abreu discursa - Moreira Mariz/Senado
Senadora Kátia Abreu discursa Imagem: Moreira Mariz/Senado

Arthur Stabile

Colaboração para o UOL, em São Paulo

01/04/2021 18h17Atualizada em 01/04/2021 18h41

Parlamentares se reuniram hoje para expor à OMS (Organização Mundial da Saúde) a gravidade da pandemia no Brasil. Com o maior número de mortes desde o início da crise sanitária (3.950 pessoas) registrada ontem, além de média móvel à beira dos 3.000 mortos por dia, a movimentação tenta antecipar a entrega de doses de imunizantes ao país.

A senadora Kátia Abreu (PP-TO) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), presidentes de comissões sobre relações exteriores no Congresso, debateram por duas horas com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom. A ação não tem contribuição do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Os parlamentares defenderam uma mudança no formato como as vacinas são distribuídas pela entidade mundial. Segundo eles, a gravidade do "momento alarmante" da pandemia no Brasil deveria ser levada em consideração na entrega dos imunizantes. Atualmente, a OMS define a divisão das doses conforme a população geral e o índice de pobreza de cada país.

No entanto, as notícias foram piores do que as imaginadas. "Não conseguimos o adiantamento. Não porque somos privilegiados, ao contrário, porque estamos na pior condição do mundo. Não bastasse não receber antes, não vamos receber nem o que estava combinado no período que imaginávamos, receberemos com atraso", afirma Kátia Abreu, durante participação do Baixo Clero, podcast de política do UOL.

Segundo ela, o diretor da OMS explicou que laboratórios responsáveis pela produção de vacinas ao Brasil, instalados na Índia e na Coréia do Sul, tiveram problema e não conseguiram entregar as doses previstas. "Dá um abalo no estado de ânimo, mas vamos continuar tentando", lamenta, explicando buscar junto à embaixadores de outros países no Brasil e brasileiros no exterior uma forma de antecipar vacinas.

A senadora explicou que a organização deveria entregar 2,9 milhões de doses até o fim de março. Porém, apenas um milhão de doses chegou ao país até ontem. O mesmo acontecerá com as 9 milhões de doses previstas para maio, que tem entrega "sem previsão".

Vacinação no país

Passado um ano do início da pandemia, o Brasil vacinou 17.620.872 pessoas (8,32% dos brasileiros) com a primeira dose das vacinas CoronaVac e AstraZeneca, as únicas até então disponibilizadas no país. Contudo, apenas 5.091.611 brasileiros (2,40% da população) receberam as duas doses e estão plenamente imunizados.

A entrega de vacinas está deficitária. Pelo segundo mês seguido, o Ministério da Saúde não cumpre sua meta de doses enviadas aos estados, entes federativos responsáveis pelas aplicações.

Para março, a promessa era de entregar 39 milhões de doses, número reduzido para 27,6 milhões na prática —73% do que havia sido prometido pelo então ministro, o militar Eduardo Pazuello. Novo ministro, Marcelo Queiroga prometeu no sábado (27) a entrega de 11 milhões de doses ainda nesta semana, o que não ocorreu.

Em fevereiro, as vacinas entregues foram 49,5% do total definido. A probabilidade é de abril repetir o quadro, já que a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) indicou não ter capacidade de entregar as 12 milhões de doses prometidas.

Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o Brasil contou com quatro ministros à frente do Ministério da Saúde, órgão diretamente ligado ao combate do vírus: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich, Pazuello e, agora, Queiroga.