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Petistas elogiam eventual apoio de Barbosa a Lula para derrotar Bolsonaro

19.abr.2018 - Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF, durante reunião em Brasília do PSB, partido ao qual se filiou - Renato Costa/Frame Photo/Estadão Conteúdo
19.abr.2018 - Joaquim Barbosa, ex-presidente do STF, durante reunião em Brasília do PSB, partido ao qual se filiou Imagem: Renato Costa/Frame Photo/Estadão Conteúdo

Fábio Góis e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/04/2021 16h32Atualizada em 07/04/2021 16h37

Parlamentares petistas no Congresso Nacional declararam ver com bons olhos o fato de o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa cogitar a possibilidade de apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra o atual chefe do Executivo, Jair Bolsonaro (sem partido), que deve tentar a reeleição em 2022.

Segundo a colunista do UOL Carolina Brígido, o relator do processo do mensalão, julgamento que levou diversos caciques do PT à cadeia, virou crítico ferrenho de Bolsonaro e pretende emprestar "o peso de seu nome à esquerda" para derrotar o presidente. Para tanto, Barbosa não descarta apoiar eventual candidatura do Lula, mesmo duvidando que o petista saia candidato.

À reportagem, líderes do PT ainda ecoam o impacto do mensalão para o partido, mas dizem que o caso pode ficar no passado em nome do fortalecimento da eventual candidatura de Lula.

O líder do PT na Câmara, Bohn Gass (RS), avalia que contra Barbosa não pesa nenhuma suspeita de parcialidade, ao contrário de Sergio Moro, ex-juiz federal que atuou na Operação Lava Jato e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro.

"Barbosa é um homem digno. Dito isso, avalio como positivo o fato de ele querer livrar o Brasil de Bolsonaro. Esta deve ser a principal luta de todos e todas que têm a democracia como valor", afirmou.

Ele avalia que Joaquim Barbosa não tem hoje força para figurar como "presidenciável", mas acredita que suas conversas com políticos são positivas para poder "ajudar a desmistificar a criminalização da política".

Terceiro secretário do Senado, Rogério Carvalho (PT-SE) ressalta a recente retomada dos direitos políticos de Lula, no STF, como "grande novidade e o maior fato político recente do país". "A volta de Lula o colocou quase que imediatamente como grande polo capaz de unir forças, pacificar o país e derrotar Bolsonaro", defendeu o senador.

"Todos os democratas que olham para o futuro, incluindo o Joaquim Barbosa, veem em Lula a condição de reconciliação e reconstrução do Brasil", afirmou Carvalho, acrescentando que a elegibilidade do ex-presidente, seja ou não candidato em 2022, "dará a credibilidade necessária para que o Brasil se reencontre com a democracia, como um país mais justo e solidário".

Não se pode negar apoio, avaliam petistas

Ex-ministro da Saúde no governo Lula, o senador Humberto Costa (PT-PE) considera que ninguém deve rejeitar votos ou apoio, embora considere precisar ouvir mais de Barbosa por este já ter sido "muito duro em vários outros momentos" com o PT.

"O Brasil está vivendo hoje uma situação tão terrível que Lula termina sendo uma alternativa para muitos setores, até conservadores. É uma coisa de salvar vidas. A única coisa que não pode acontecer é o Bolsonaro continuar", sublinhou.

O deputado Enio Verri (PT-PR) concorda com Humberto Costa ao afirmar que toda ajuda é bem-vinda. Para Verri, a experiência atual do PT ao lado do PSB, PCdoB, PSOL, PDT e Rede na Câmara mostra ser possível construir uma aliança de centro-esquerda para enfrentar Bolsonaro em 2022.

"Se há alguma contradição, não é do Lula nem do PT nem dos partidos [de oposição]. Se ele [Barbosa] no passado acusou o PT ou membros do PT, e hoje entende que o candidato do PT é o melhor nome, é a história nos absolvendo", avaliou.

Líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN) também vê com bons olhos a manifestação de Joaquim Barbosa, especialmente em meio à pandemia do coronavírus.

"O atual momento exige uma união de todos para o enfrentamento da covid. Toda e qualquer ação que possa realmente unir as forças progressistas para derrotar o obscurantismo e o retrocesso representado por Bolsonaro é meritória no país", afirmou.