Será o depoimento mais difícil, diz Mourão sobre Pazuello na CPI da Covid
O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), afirmou hoje que o depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello será "o mais difícil" da CPI da Covid.
"[Pazuello] recebeu uma tarefa extremamente difícil, de ser ministro da Saúde em meio a uma pandemia. Não foi uma tarefa simples. Esse depoimento dele na CPI será o depoimento mais difícil, é óbvio. Ele tem que se preparar para isso", disse Mourão ao participar do UOL Entrevista, conduzido pela jornalista Fabíola Cidral, apresentadora do UOL, e pelos colunistas Carla Araújo e Josias de Souza.
Pazuello, que é um dos principais alvos da Comissão Parlamentar de Inquérito, alegou ter tido contato com casos confirmados da doença e não compareceu ao seu depoimento, previsto para a última quarta (5), sendo reagendado para o dia 19 de maio. De acordo com Mourão, os senadores "vão fazer um interrogatório bem duro" sobre sua atuação na pandemia do coronavírus, por isso o ex-ministro "terá que ter dados bem consistentes para apresentar".
O vice-presidente disse que Pazuello adotou o procedimento "adequado" ao não comparecer à CPI por ter tido contato com infectados pelo coronavírus. Dias depois, no entanto, recebeu visita do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Onyx Lorenzoni (DEM), em um hotel em Brasília. Para Mourão, foi Lorenzoni quem "correu um risco" ao visitar Pazuello.
"Eu sempre deixo claro que conheço o Pazuello de muito tempo, é um oficial valoroso, dedicado, tem uma capacidade de planejamento e principalmente de fazer a execução desse planejamento. Ele tem uma trajetória brilhante", disse o vice-presidente.
Vacinas
Ao falar sobre as vacinas contra a covid-19, o vice-presidente disse que "o mundo inteiro está se debatendo com isso". "Acho que estamos sofrendo uma crítica talvez um pouco além daquilo que é a realidade", disse Mourão. "A União Europeia está com problemas, não consegue avançar numa velocidade de vacinação, tanto que hoje nós temos a notícia da ruptura do contrato com a AstraZeneca, porque ela não cumpriu os prazos."
Segundo o militar, "quem vacinou para valer mesmo são os Estados Unidos, donos da vacina". "Não julgo que o governo lavou as mãos nessa questão da vacina, ele buscou aquilo que se julgou importante naquele momento".
"A maior discussão que pode ser colocada em relação a essa questão da vacina é o termo dos contatos com a Pfizer", disse Mourão. "Desde agosto do ano passado se buscou negociar, e julgo eu que a gente poderia ter buscado isso antes."
Mesmo com a crítica, o vice disse acreditar que o país terminará 2021 com 160 milhões de brasileiros vacinados. "Naquilo que a gente espera, eu julgo plenamente [possível] que nós chegaremos ao final do ano com 150, 160 milhões de pessoas vacinadas aqui no Brasil, e consequentemente atingindo aqueles grupos todos que são prioritários e são necessários que sejam vacinados", afirmou.
Aumento salarial
O vice-presidente comentou, ainda, uma portaria do Ministério da Economia que permite a reservistas e servidores públicos aposentados que exercem também determinados cargos públicos receber acima do teto constitucional. "É legal, mas eu não considero ético no momento que isso aconteça", disse o vice-presidente, que poderá ser beneficiado pela nova norma.
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