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FHC não tem paciência para decisões de partido, diz professor do Mackenzie

Do UOL, em São Paulo

21/05/2021 18h57

O professor Rodrigo Prando, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, afirmou hoje que aos 90 anos o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) já não tem mais paciência para acatar ordem de partido, referindo-se a críticas internas de tucanos que teriam se incomodado com o encontro entre FHC e Lula. A foto do encontro, realizado na casa do ex-ministro Nelson Jobim, na manhã de hoje, foi publicada pelo petista nas redes sociais.

"O FHC que se aproxima do ex-presidente Lula é um FHC intelectual, que vai completar 90 anos agora em junho. E, com 90 anos, o Fernando Henrique já não tem muita paciência para ficar acatando decisões de partido. Embora seja um presidente de honra do PSDB, FHC tem autonomia para dialogar com quem ele quiser. E isso não é a primeira vez que incomoda o PSDB. E muitas vezes, figuras do PSDB também atacaram o FHC. Quando o lulo-petismo criou a expressão 'herança maldita', [os ex-candidatos] José Serra e Geraldo Alckmin esconderam o FHC. Então, Fernando Henrique está jogando 'farol alto'", avaliou Prando, em entrevista ao UOL News.

A aproximação entre o tucano e o petista causou alvoroço nas redes sociais, movimentou o mundo político, mas também gerou incômodo entre os caciques do PSDB. Um dos críticos foi o presidente do partido, Bruno Araújo, que afirmou em nota que "esse encontro ajuda a derrotar o presidente Jair Bolsonaro, mas não faz bem a um potencial candidato do PSDB".

O ex-presidente FHC então teve que ir às redes sociais deixar claro que votaria eventualmente em Lula em um segundo turno em 2022, se o petista fosse o nome para derrotar Bolsonaro.

"Reafirmo, para evitar más interpretações: PSDB deve lançar candidato e o apoiarei; se não o levarmos ao segundo turno, neste caso não apoiarei o atual mandante, mas quem a ele se oponha, mesmo o Lula", escreveu FHC.

Tucanos ouvidos pela agência Reuters não questionam que o partido terá um candidato próprio, seja Dória, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o senador Tasso Jereissati (CE). Mas quem será esse nome tem dividido o partido. Enquanto Dória quer o posto com unhas e dentes, um número cada vez maior de tucanos acredita que o governador não tem como se viabilizar.

A imagem de Fernando Henrique com Lula foi vista por parte do tucanato como uma afirmação de que o partido não tem chances em 2022. Outros, viram o fato como um movimento importante para reafirmar a distância do partido do governo de Bolsonaro.