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'Há chances reais de termos impeachment', diz Boulos sobre Bolsonaro

Guilherme Boulos acredita que manifestações devem ocorrer em breve - Reinaldo Canato/UOL
Guilherme Boulos acredita que manifestações devem ocorrer em breve Imagem: Reinaldo Canato/UOL

Colaboração para o UOL

21/05/2021 11h33

Com a CPI da covid, popularidade menor e um clima político mais favorável a Lula (PT), Guilherme Boulos (PSOL) acredita que o impeachment de Jair Bolsonaro (sem partido) pode estar próximo. Em entrevista à Veja, o líder do MTST disse que é hora da esquerda se mobilizar e incentivou os opositores do presidente a irem às ruas para protestar.

"Há chances reais de termos o impeachment", afirmou. Boulos falou perceber a base de apoio a Bolsonaro cada vez menor, restando um "grupo de fanáticos" apenas. "Na história de salvar vidas e economia, não salvou nem vidas nem a economia. Uma CPI muda o clima político, nós já vimos isso em outros momentos", completou.

O político do PSOL falou que existem muitas provas acumuladas contra o presidente e que, agora, ele ficou à mercê do centrão. "Que não é fiel a nenhum governo. Se Bolsonaro se tornar tóxico, e já está virando, não ficarão com ele", previu. Segundo Boulos, não houve protestos da esquerda por conta da pandemia, mas o clima está mais favorável.

Quando um governo é mais letal do que o vírus, as pessoas tomam consciência da necessidade de saírem para o enfrentamento. É o que está acontecendo na Colômbia, mesmo com a pandemia em alta. Vamos às ruas com máscaras, orientações de distanciamento, todas as precauções sanitárias.

Guilherme Boulos

Ele ainda disse que uma melhora ou até o fim da pandemia não seriam o suficiente para diminuir a rejeição do público sobre Bolsonaro. "A crise não é só sanitária. É também uma crise política, econômica e social profunda e que não vai se resolver agora", afirmou. Além da pandemia, os anos de governo do presidente escancararam, para Boulos, a falta de planos para o país.

"Falaram também que era necessária uma reforma trabalhista para gerar milhões de empregos. E isso não aconteceu. Disseram ainda que era preciso fazer a reforma da Previdência, porque investimentos viriam igual a uma manada. Isso também não ocorreu", criticou. Com a mira nas eleições de 2022, Boulos não revelou os planos do PSOL, mas afirmou que será uma corrida diferente.

"O Brasil teve um retrocesso civilizatório. O grande desafio é acabar com esse pesadelo. Defendo uma unidade no campo progressista para derrotar Bolsonaro", explicou. Para o político, não faz mais sentido especular nomes como João Doria (PSDB) ou Luiz Henrique Mandetta (DEM) contra Bolsonaro, porque "se olharmos as pesquisas de opinião, não existe possibilidade de o campo da esquerda ficar fora do segundo turno".

A maioria das pessoas que votaram no Bolsonaro não defende tortura, não acredita que a Terra é plana, não é negacionista. A maioria estava de saco cheio com o sistema político e votou nele como desespero, com a crença de que iria mudar as coisas.

Guilherme Boulos

Ainda sobre as próximas eleições, o integrante do PSOL falou ter colocado o próprio nome à disposição do partido para formar uma frente de esquerda "que acabe com o 'tucanistão'" do governo de São Paulo. Segundo Boulos, há um "cansaço" do partido de João Doria, o PSDB, e que a gestão do governador piorou a situação. "Temos a oportunidade de virar o jogo. Enfrentar a máquina do PSDB é pesado, é preciso ter uma unidade", completou.

Perguntado sobre Lula, Boulos disse que todo cidadão é inocente até que se prove o contrário, mas também fez críticas. "É inegável que houve corrupção (no período do governo Lula). Há corrupção no Estado brasileiro desde sempre. A solução é uma reforma política. Nenhum partido é o partido da corrupção", afirmou.