Senador do PT apresenta pedido para convocar auditor do TCU a depor na CPI
Durante sessão da CPI da Covid, realizada na tarde de hoje, o senador Humberto Costa (PT-PE) anunciou que irá pedir a convocação e a quebra do sigilo de Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques. Segundo reportagem do jornal "Correio Braziliense", o auditor do TCU (Tribunal de Contas da União) seria o responsável por elaborar estudo que apontaria que metade das mortes por covid-19 no país não ocorreu. O TCU anunciou a instauração de procedimento interno, mas não citou o nome do servidor.
"Eu apresentei um requerimento pedindo a convocação desse cidadão", disse o senador.
O relatório —que nunca existiu— foi citado inicialmente pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ontem, em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília. Na ocasião, Bolsonaro disse que um relatório do órgão apontava número inflado de mortes em decorrência da doença no Brasil. Horas depois, no entanto, o TCU emitiu comunicado à imprensa no qual desmentia o presidente.
"O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que 'em torno de 50% dos óbitos por covid no ano passado não foram por covid'", disse o órgão, em nota enviada ao UOL. Ministros do TCU também negaram a existência do relatório citado por Bolsonaro, conforme apuração realizada pela agência Estadão Conteúdo.
O senador justificou o pedido para convocação do auditor à CPI da Covid após informação publicada pelo jornalista Vicente Nunes, do jornal Correio Braziliense. Segundo a publicação, Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques teria produzido um "estudo paralelo" e que não foi aceito por nenhum outro auditor do TCU, por considerar uma farsa. Nesse estudo, ele aponta que governadores teriam inflado o número de mortes por covid-19. Após a negativa, Silva Marques então teria entregue a sua tese aos filhos de Bolsonaro.
Em nota, o órgão informou que "será instaurado procedimento interno para apurar se houve alguma inadequação de conduta funcional no caso", mas não cita o nome do auditor.
Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques seria amigo dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano. Ele está lotado na secretaria do TCU que lida com inteligência e combate à corrupção.
Bolsonaro se retrata (e ataca)
Após ser desmentido, o presidente afirmou hoje, a apoiadores, que errou ao dizer que o TCU possuía um relatório questionando o número de mortes decorrentes do novo coronavírus. No entanto, ao se retratar da informação, Bolsonaro voltou a atacar os governadores.
Ao recuar da informação, o presidente explicou que, dentre os critérios estabelecidos para a distribuição de verbas do governo federal aos estados, está a incidência de covid-19 nas regiões. Sem apresentar dados, Bolsonaro disse que há "fortes indícios" de que este critério estaria sendo usado pelos estados para "supernotificar" o número de mortes pela doença.
E o próprio TCU dizia o quê? Que a lei poderia incentivar uma prática não desejável da supernotificação de covid para o estado ter mais recursos. A tabela, porém, quem fez fui eu, não foi o TCU. A imprensa usa para falar que eu fui desmentido, mas não tem problema"
Jair Bolsonaro
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