Luis Miranda diz que Bolsonaro parecia 'assustado' com caso da Covaxin
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) declarou hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se mostrou "assustado" ao saber sobre as negociações inflacionadas da vacina contra a covid-19 Covaxin. O parlamentar que prestou depoimento à CPI da Covid também disse que, caso o presidente minta, poderá mostrar "algo que não quer".
Em entrevista ao Congresso em Foco, Miranda declarou que ao conversar com Bolsonaro ao lado do seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor de carreira do Ministério da Saúde, o presidente citou o nome do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) e disse que o caso se tratava de "mais uma" de Barros.
Saímos de lá [da conversa com Bolsonaro] convencidos, da forma como o presidente ficou estarrecido, assustado, como se ele não conhecesse realmente do caso, eu acho que ele não conhecia. Alguns tentam colocar palavras em nossas bocas, que nós fomos com intenção de prejudicar o governo. Não. Nós fomos com a intenção de salvar o dinheiro público, salvar vidas. O presidente também se convenceu disso e disse que iria acionar a Polícia Federal
Luis Miranda
Miranda detalhou que tem provas sobre conversas com Bolsonaro e com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. O parlamentar disse que tem como provar que não é "mentiroso" e que não deseja o mal para o governo, apenas que a gestão federal "salve vidas".
Ao mesmo tempo, Miranda deixa claro que Bolsonaro teve indícios, mas não agiu. Ao ser questionado sobre os indícios de prevaricação de Bolsonaro, Miranda declarou não ser capaz de afirmar e que é dever da CPI investigar os detalhes.
Para ter certeza se o governo prevaricou ou não, devem ser comprovadas ações que foram tomadas ou não. Não é o deputado Luis Miranda que irá determinar se ele prevaricou ou não
Luis Miranda
Miranda se sente "traído" e nega ser bolsonarista
Após as revelações feitas diante do colegiado da Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado, o deputado Luis Miranda disse que se sentiu traído pelos parlamentares de base do governo.
Eu me considero traído. É só observar os ataques dos membros do governo, até parlamentares da base, a forma como me trataram na sessão Luis Miranda
Diante das críticas, o deputado foi questionado se agora está na oposição ao presidente Bolsonaro, mas ele negou. Miranda se definiu como "governista" e que "luta pelo povo brasileiro". O deputado federal também negou o título de bolsonarista, atribuído aos apoiadores do chefe do Executivo federal.
Eu não sou de oposição, eu sou governista. Não sou bolsonarista. Luto pelo governo, porque lutando pelo governo, eu estou lutando pelo povo brasileiro
Luis Miranda
Pressionado, Miranda pode revelar novas provas
A preocupação com a integridade física e com a carreira política estão entre as preocupações de Miranda. O deputado, no entanto, deixou claro ao ser entrevistado pelo Congresso em Foco que quis ajudar o presidente e que acredita que, caso Bolsonaro tenha "um pouquinho de juízo", não irá mentir sobre as negociações da Covaxin.
O que me deixa mais preocupado é o que está visível. Ele não vai mentir. O presidente deve ter um pouquinho de juízo, ele não vai mentir. Ele não vai fazer ele acabar com a minha vida política e com a dele, mostrando algo que eu não quero mostrar. Eu não estou mentindo
Luis Miranda
Miranda declarou que o erro de Bolsonaro pode ter sido o de "confiar nas pessoas" e que o gesto pode ter o levado a ser "ludibriado". Um conselho dado pelo deputado ao chefe do Executivo é que ele aja para evitar a prevaricação e se afaste das pessoas que o levaram a errar.
Apesar dos aconselhamentos, Miranda não citou quem seriam as pessoas que estariam mentindo para o presidente, mas disse que sabe que Bolsonaro não quer esse tipo de escândalo em sua gestão.
Demora para denunciar falta de providências
Perguntas vindas da audiência do Congresso em Foco questionaram por quais razões Miranda levou meses para denunciar os superfaturamentos travados pelo irmão que trabalha no Ministério da Saúde.
Em resposta, o deputado federal alegou que cobrou mais de dez vezes a pasta e que mandou mensagens ao ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mas não teve respostas.
Pensei que tinha que fazer alguma coisa. A atitude do meu irmão lá atrás travou tudo. Em maio estavam pressionando meu irmão e a Anvisa segurando do outro lado, demonstrando que não seria bom e razoável
Luis Miranda
Contra a reforma administrativa
Miranda, que antes defendia a reforma administrativa, disse que hoje é contrário porque o país tem comandantes que se julgam coronéis e que isso pode prejudicar o erário.
A corrupção deste país vai explodir caso a reforma administrativa seja aprovada
Luis Miranda
Citando o ministro responsável pela Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, Onyx Lorenzoni, o deputado exemplifica que, caso a reforma fosse para frente, servidores como o irmão seriam demitidos por ameaças como a do ministro.
Miranda disse ainda que um homem que ameaça um servidor público é um "mafioso", rebatendo a crítica de Onyx. Para ele, a postura do chefe da secretaria-geral da Presidência agiu com desespero que demonstra "interesse na causa" da Covaxin.
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