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CPI deve convocar novos empresários e servidores do caso Covaxin, diz Aziz

Segundo Omar Aziz (PSD-AM), CPI da Covid precisará investigar  - Jefferson Rudy/Agência Senado
Segundo Omar Aziz (PSD-AM), CPI da Covid precisará investigar Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Rafael Neves

Do UOL, em Brasília

27/06/2021 13h44

A partir da próxima terça-feira, 29, a CPI da Covid deverá votar requerimentos para convocar uma série de funcionários do governo e empresários envolvidos na suspeitas sobre a compra da vacina indiana Covaxin. Segundo o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), a maioria destes nomes era desconhecida do colegiado até o depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, o servidor Luis Ricardo Miranda, que no último dia 26 afirmaram terem alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre as irregularidades.

"Provavelmente vamos aprovar novos requerimentos, terça ou quarta, porque eles falaram em alguns servidores e deram detalhes que não eram do nosso conhecimento", afirmou Aziz ao UOL. "Eu sempre tenho precaução para fazer as coisas sem politizar. Mas os fatos que eles trouxeram são graves", completou.

O principal nome de interesse dos senadores é o deputado Ricardo Barros (PP-PR). Segundo os irmãos Miranda relataram que foi Bolsonaro quem citou o nome de Barros quando ouviu deles o aviso sobre os problemas no contrato da vacina indiana. O deputado, que nega as acusações, já é alvo de um pedido de convocação, que ainda não foi votado.

Esse requerimento é de autoria de Jorginho Mello (PL-SC), um dos senadores governistas da comissão. Ainda no dia 24, antes do depoimento que implicou Barros, Mello pediu que o parlamentar fosse chamado para explicar as alterações que fez na Medida Provisória 1026, que regulou o processo de compra de vacinas contra a Covid. Foi Barros quem apresentou a emenda que permitiu a importação da Covaxin.

Servidores na mira

O chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, levou à CPI os nomes de alguns servidores que devem ser chamados a depor. Uma delas é Regina Célia Silva Oliveira, fiscal do contrato que a União fechou com a Bharat Biotech, fabricante da Covaxin, e a Precisa Medicamentos, representante do laboratório indiano no Brasil.

Ainda na última sexta, o senador Humberto Costa (PT-PE) apresentou um pedido de convocação da servidora, que deverá ser votado nessa semana. Segundo Luis Ricardo, foi Regina Célia quem autorizou um pagamento de US$ 45 milhões para a Madison Biotech, empresa de Cingapura que também está sob investigação dos senadores.

Ao rebater as acusações de Luis Miranda por meio do Twitter, Ricardo Barros negou ter indicado Regina Célia para o cargo, como foi citado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) na CPI. Célia é servidora de carreira desde 1995, mas foi Barros, enquanto ministro da Saúde, que a nomeou para o posto atual em fevereiro de 2018, como mostra o Diário Oficial da União.

Outro requerimento de convocação já feito por Humberto Costa, que ainda não foi votado, é o de Roberto Ferreira Dias, diretor do Departamento de Logística do ministério. Foi ele quem assinou, por parte do governo, o contrato fechado com a Precisa para a compra das 20 milhões de doses do imunizante.

Segundo Luis Ricardo, Dias foi um dos superiores hierárquicos que fez pressão para acelerar a compra da vacina. Além dele, o servidor citou os nomes de Élcio Franco, secretário-executivo da pasta na gestão de Eduardo Pazuello, e do tenente-coronel Alex Lial Marinho, ex-coordenador-geral de aquisições e insumos do ministério, que já é alvo de pedidos de quebra de sigilo telefônico, telemático, fiscal e bancário.

Os senadores querem chamar também Rodrigo de Lima, um servidor terceirizado do ministério que teria. "O Ministério estava sem vacina e um colega de trabalho, Rodrigo, servidor, me disse que tinha um rapaz que vendia vacina e que esse rapaz disse que os seus, alguns gestores, estavam pedindo propina", disse Luis Ricardo na última. Lima, no entanto, já negou ter ouvido este pedido de propina.

Suspeitas sobre empresários

A CPI também tentará ouvir empresários ligados a Francisco Maximiano. Sócio da Precisa medicamentos, ele tinha um depoimento marcado para o último dia 23, mas a audiência foi adiada porque ele alegou ter voltado recentemente da Índia e, nessa condição, precisaria cumprir uma quarentena obrigatória para poder estar presencialmente no Senado.

Na sessão em que ouviram os irmãos Miranda, os senadores citaram a necessidade de convocar dois associados de Maximiano. Um deles é Danilo Fiorini, um executivo que não só foi diretor financeiro da Precisa como ocupou a mesma função na Global Gestão em Saúde, outra empresa de Maximiano envolta em suspeitas.

Em janeiro de 2019, o MPF (Ministério Público Federal) denunciou Barros por improbidade administrativa depois que a Global recebeu R$ 20 milhões do governo por remédios para doenças raras que não foram entregues. Foi Randolfe Rodrigues quem disse que convocará Fiorini.

Já o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que não é membro da CPI, citou a necessidade de que a comissão ouça o empresário Wellyngton Ferreira Gonçalves. Ele é sócio de Maximiano na Global e na Rompro Participações, outra empresa que deve ser investigada pelos senadores.