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Acusado de matar Marielle teria forjado áudio para desviar foco, diz jornal

O policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco - Marcelo Theobald/Agência O Globo
O policial militar Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco Imagem: Marcelo Theobald/Agência O Globo

Do UOL, em São Paulo

05/07/2021 18h26

O sargento reformado da Polícia Militar Ronnie Lessa, que é um dos acusados de matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, teria forjado provas para tentar desviar o foco das investigações do crime. Segundo uma fonte ouvida pelo Jornal O Globo, a força-tarefa que investiga os assassinatos vê indícios de que um áudio tenha sido deixado propositalmente por Lessa em um dos seus celulares.

Ronnie Lessa está preso pela morte de Marielle e Anderson desde o dia 12 de março de 2019. Antes disso, ele teve sete aparelhos celulares apreendidos. Segundo a fonte ouvida pelo jornal, um áudio em que Lessa menciona outros milicianos conhecidos da região de Rio das Pedras, foi a única gravação encontrada. Outros registros teriam sido deletados.

O áudio ao que O Globo teve acesso é uma conversa entre Lessa e um interlocutor chamado por ele de Kaká, que teria sido gravado sem saber no início de fevereiro de 2019, duas semanas após o sargento reformado ter prestado depoimento sobre o Caso Marielle. Ainda de acordo com o jornal, os investigadores sabem quem é a pessoa que conversava com Lessa, mas seu nome está sob sigilo.

Na gravação, inicialmente Lessa e Kaká têm uma conversa descontraída. Ao longo do diálogo, Kaká mostra conhecimento sobre a atuação da milícia de Rio das Pedras e uma terceira pessoa aparece, ajudando o sargento quando o assunto é a morte de Marielle.

"Eu fui depor lá, eu fui depor lá, rapaz! O que que acontece? Eu fui chamado pra depor lá há pouco tempo, tem umas duas semanas. Aí eu lembro que ele tinha falado comigo, eu falei, porra... Tava meio que cagando pra isso, mas ao mesmo tempo eu me lembrei que tu, tu, tu me falou aquele dia lá no Quebra-Mar, tu lembra? Que tu me falou, pô, que os cara tavam reunidos e o caralho, não sei o quê?", fala Lessa no áudio.

Segundo O Globo, os investigadores acreditam que nessa parte ele estava manipulando a conversa para dizer que houve uma reunião de milicianos no Quebra-Mar, local frequentado por Lessa, mas que ele não deu atenção quando Kaká lhe contou. Posteriormente, ele faz a conexão entre o encontro e a morte de Marielle e Anderson.

"Não, mas pô, mas o cara sabe o que acontece? Tu sabe que eu nunca gostei de me meter. Aquele dia que tu me falou o negócio lá que eles estavam reunidos no dia da, da morte lá da vereadora, que eles ficaram lá no, tu me falou isso no Rio das Pedras, o que eu falei pra tu? No Rio das Pedras não, no, no Quebra-Mar, que que eu falei? Quero nem saber meu filho, não falei isso pra tu? Não quero nem saber dessa merda. Porra, sai fora meu irmão, eu não gosto nem de saber dessas coisas. Hã?".

Depois, Lessa tentou ainda levar a conversa adiante, mencionando milicianos de outro grupo, do Murro do Fubá, em Campinho, na Zona Norte do Rio.