Em campanha ao STF, Mendonça almoça com senadores e ouve críticas à Corte
Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmar a aliados que indicará André Mendonça à vaga a ser aberta no STF (Supremo Tribunal Federal), o atual advogado-geral da União almoçou hoje com senadores e já ouviu críticas à atuação da Corte, como decisões monocráticas de atuais ministros.
Intensificando a campanha para ter o nome aprovado pelos parlamentares, Mendonça foi ao Senado se encontrar com integrantes do bloco parlamentar Vanguarda, formado por 11 senadores do PL, DEM e PSC.
Nem todos os senadores do bloco estavam presentes, mas outros, inclusive de diferentes partidos, como do MDB, passaram para cumprimentá-lo.
Ao sair do almoço, Mendonça evitou a imprensa e disse que qualquer pergunta sobre a indicação ao Supremo "tem que ser feita para o presidente". Depois, ele continuou a peregrinação pelos corredores do Congresso e se reuniu com o senador Lasier Martins (Podemos-RS), por exemplo.
Embora Bolsonaro já tenha falado nos bastidores da preferência por Mendonça para a vaga a ser aberta no dia 12 com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello, a indicação não foi oficializada. Por isso, apesar de confiante, Mendonça ainda se apresentou como candidato, relatou um senador presente ao almoço.
Após a indicação de Bolsonaro, o nome do escolhido precisa ser aprovado em sabatina pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado. Depois, o plenário do Casa vota a indicação, que deve ser aprovada por ao menos 41 dos 81 senadores. Essa análise não tem previsão para acontecer, o que pode retardar bastante a posse do novo ministro, como já temem os atuais integrantes da Corte.
Mendonça mais ouviu do que se manifestou hoje, mas se mostrou atento às insatisfações dos senadores quanto à tomada de decisões monocráticas de ministros do Supremo e ações tidas como interferências no Legislativo, segundo o parlamentar ouvido pela reportagem, sob reserva.
A resistência do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e de seu eventual colega no Supremo, Luís Roberto Barroso, à implementação do voto impresso para as próximas eleições também foi abordada.
Prestes a se confirmar como o ministro "terrivelmente evangélico" de Bolsonaro, Mendonça falou sobre os princípios cristãos no sentido de ser humilde, manter o diálogo aberto com as instituições e não deixar o poder "subir à cabeça" ou "agir por vaidade".
Presidente do STJ também é defendido no Congresso
Nos bastidores, o relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), tem trabalhado em favor da candidatura do atual presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Humberto Martins, para a vaga no Supremo. O nome também tem sido endossado por parte da oposição.
No mundo jurídico, o nome de Martins é bem aceito por advogados, juízes e até pelos ministros da Suprema Corte.
Um assessor do Palácio do Planalto próximo a André Mendonça avalia que a possível indicação dele seja estimulada para contemplar a insistência de autoridades religiosas na definição do nome, como o pastor Silas Malafaia, que tem aconselhado Bolsonaro em sua gestão, mas que a própria cúpula do governo espera que Mendonça não seja aceito pelos senadores.
Nas últimas semanas, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, tem empenhado, junto ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o nome de Humberto Martins para a vaga. Lira é amigo pessoal do filho do presidente do STJ, Eduardo Martins.
Estão no STJ processos referentes ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda, marido da ministra da Segov.
O senador Wellington Fagundes (PL-MT), líder do bloco Vanguarda, que organizou o almoço hoje, disse achar sintomático que o presidente tenha falado no nome do Mendonça mais cedo e que o candidato já tenha participado do encontro no Senado. Ou seja, para ele, Bolsonaro já "autorizou" Mendonça a fazer "pré-campanha".
O atual procurador-geral da República, Augusto Aras, também procurou os senadores em campanha para o próprio nome.
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