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Tem gente com a cabeça em 1964, diz líder da oposição sobre Braga Netto

Do UOL, em São Paulo

22/07/2021 09h30Atualizada em 22/07/2021 13h34

O deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, afirmou ser "gravíssima" a suposta ameaça do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de que as eleições de 2022 só ocorrerão se for aprovada a proposta do voto impresso auditável.

"Quem realiza eleição não é o Exército, não é a Marinha, não é a Aeronáutica, é o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e elas acontecerão. Infelizmente, tem gente que ainda está com a cabeça de 1964, que acha que o país toleraria um golpe, que há margem da opinião pública para esse tipo de conduta", declarou Molon em entrevista ao UOL News Manhã.

Segundo reportagem publicada hoje pelo jornal "O Estado de S. Paulo", Braga Netto mandou um recado ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), condicionando a realização das eleições do ano que vem à aprovação do voto impresso pelo Congresso.

Lira, de acordo com o jornal, considerou o recado como uma ameaça de golpe e procurou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para uma conversa na qual, segundo relatos, respondeu que não embarcaria em rupturas institucionais e não admitiria golpes.

Questionado por jornalistas sobre o assunto na manhã de hoje, o ministro respondeu que se tratava de "invenção e mentira". Depois, durante uma cerimônia no salão nobre do ministério, Braga Netto leu uma nota em que nega ter feito ameaças e disse que a reportagem traz "desinformação".

Molon afirmou que, se for verdade o que diz a reportagem, Braga Netto incorreu em uma conduta à margem da Constituição, pois o papel das Forças Armadas, que são subordinadas ao ministro da Defesa, é defender a ordem e proteger os direitos dos cidadãos, e não dizer ao Congresso o que fazer.

"Nós não aceitaremos, o país não aceitará isso. Haverá voto impresso se assim o Congresso decidir. Se o Congresso decidir que não haverá voto impresso, não haverá voto impresso, e não será o ministro da Defesa que dirá o que o Congresso tem de fazer", disse.

Urnas são seguras

Apesar de questionadas por Bolsonaro, as urnas eletrônicas são auditáveis e testadas com regularidade sobre sua segurança. Já foi constatado que os dados principais são invioláveis e não podem ser infectados por vírus que roubem informações.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) afirma que não há indícios de fraude em eleições desde 1996, quando as urnas eletrônicas foram adotadas.

Adicionalmente, segundo a Constituição, qualquer alteração no processo eleitoral deve ser aprovada ao menos um ano antes da votação. Isso significa que a PEC apoiada por Bolsonaro precisa passar pelo Congresso até outubro deste ano para ser aplicada às eleições de 2022.