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Ministério da Defesa nega que Braga Netto tenha feito ameaça a eleições

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

22/07/2021 10h31Atualizada em 22/07/2021 12h48

O Ministro da Defesa, Walter Braga Netto, negou hoje ter feito ameaças ao Congresso e condicionado a realização das eleições de 2022 à aprovação do voto impresso auditável, proposta defendida pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Durante cerimônia de inauguração da Antena Multisatelital, no salão nobre do Ministério da Defesa, Braga Netto leu uma nota emitida pela pasta negando informações publicadas hoje pelo jornal "O Estado de S. Paulo". A nota foi posteriormente enviada a jornalistas.

Hoje, foi publicada uma reportagem na imprensa que atribui a mim mensagens tentando criar uma narrativa sobre ameaça feitas por interlocutores a presidente de outro Poder. O ministro da Defesa não se comunica com os presidentes dos Poderes por meio de interlocutores. Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os Poderes da República em um momento que exige a união nacional.
Walter Braga Netto, ministro da Defesa

Segundo o jornal, o ministro transmitiu a mensagem ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), por meio de um interlocutor, que não teve o nome revelado. Na entrada do ministério da Defesa, na manhã de hoje, Braga Netto foi questionado sobre a reportagem e, sem parar para falar com os jornalistas, declarou que se tratava de "invenção e mentira".

De acordo com a publicação, Braga Netto deu o aviso no dia 8 de julho e pediu para comunicar a quem interessasse que não haveria eleições em 2022 sem voto impresso, sendo que no momento da fala estava acompanhado dos chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Ainda de acordo com a reportagem, Lira considerou o recado como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro para uma conversa na qual, segundo relatos, respondeu que não embarcaria em rupturas institucionais e não admitiria golpes.

Ao seguir com a leitura da Nota, Braga Netto disse que as Forças Armadas sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição, que a discussão sobre o voto impresso auditável é legítima e defendeu maior transparência no processo eleitoral brasileiro.

Leia a íntegra da nota do Ministério da Defesa:

Em relação à matéria publicada em veículo de imprensa, no dia de hoje, que atribui a mim mensagens tentando criar uma narrativa sobre ameaças feitas por interlocutores a Presidente de outro Poder, o Ministro da Defesa informa que não se comunica com os Presidentes dos Poderes, por meio de interlocutores.

Trata-se de mais uma desinformação que gera instabilidade entre os Poderes da República, em um momento que exige a união nacional.

O Ministério da Defesa reitera que as Forças Armadas atuam e sempre atuarão dentro dos limites previstos na Constituição. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições nacionais, regulares e permanentes, comprometidas com a sociedade, com a estabilidade institucional do País e com a manutenção da democracia e da liberdade do povo brasileiro.

Acredito que todo cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo e no Legislativo em todas as instâncias. A discussão sobre o voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso é legítima, defendida pelo Governo Federal, e está sendo analisada pelo Parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema.

Walter Souza Braga Netto
Ministro de Estado da Defesa

País nunca teve comprovação de fraude em urnas eletrônicas

Na pressão para implementação do voto impresso no Brasil, Bolsonaro e seus aliados têm questionado a lisura do sistema de urnas eletrônicas, mas desde a sua implementação, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições.

Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela").

Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.