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'Não é algo que amedronta', diz Randolfe sobre Flávio Bolsonaro na CPI

7.jul.2021 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, durante sessão da comissão - Edilson Rodrigues/Agência Senado
7.jul.2021 - O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid, durante sessão da comissão Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

29/07/2021 00h08

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, comentou hoje em entrevista à GloboNews sobre o fato de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) assumir a vaga de suplente da comissão). Para Randolfe, a participação de Flávio "não amedronta" os trabalhos da CPI.

Flávio Bolsonaro vai ocupar a vaga de Luis Carlos Heinze (PP-RS), que virou titular na comissão com a ida do senador Ciro Nogueira para o Ministério da Casa Civil e seu consequente afastamento do Senado. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido), pai de Flávio, é o principal investigado da CPI.

"Temos o filho do presidente da República, que está no foco das investigações e que a CPI apontou que no mínimo cometeu crime de prevaricação no caso Covaxin, atuando no âmbito da CPI. Mas, ao contrário do que os senhores senadores governistas fizeram no início da CPI, não há possibilidade legal de impedir a participação de qualquer senador", disse Randolfe. "Nós vamos conviver com isso. (...) Não é algo que amedronta. Não alterará o curso final desta CPI", completou.

Randolfe se referiu à tentativa de senadores da base de apoio do governo Bolsonaro de impedir que Renan Calheiros (MDB-AL) fosse o relator da CPI da Covid. Segundo eles, Renan poderia ter um conflito de interesses, uma vez que seu filho, Renan Filho (MDB) é governador de Alagoas. Os governistas insistem que é necessário incluir na pauta da comissão a investigação de possíveis desvios de verbas por parte de governadores.

O caso Precisa

Durante a entrevista, Randolfe falou ainda sobre o caso da Precisa Medicamentos, empresa que representava o laboratório Bharat Biotech, produtor da Covaxin, no Brasil e que está no centro das suspeitas de corrupção na compra dos imunizantes.

O senador anunciou que a CPI vai pedir o bloqueio dos bens da empresa na sessão da próxima terça-feira (3). Ele também disse que Francisco Maximiano, da Precisa, está atrapalhando os trabalhos da comissão. Ele foi convocado a depor na próxima quarta (4), mas há uma suspeita de que ele possa não estar no Brasil.

Se isso se confirmar, Randolfe diz que pode pedir a prisão de Maximiano. "Evadir-se do país quando tem depoimento marcado e quando está sob investigação da PF, sob investigação da Justiça e sob investigação de uma CPI equipara a necessidade de ter a prisão preventiva do senhor Francisco Maximiano".

A "Capitã Cloroquina"

Outra pessoa que está "na mira" do senador é Mayra Pinheiro, médica e secretária de Gestão do Trabalho e Educação no Ministério da Saúde, Randolfe informou que a CPI vai pedir que ela seja afastada do cargo no mínimo enquanto durarem os trabalhos da comissão.

O senador justifica que a medida se faz necessária porque Mayra Pinheiro tem acesso a documentos e informações de interesse da comissão, o que não deveria acontecer, uma vez que ela está sendo investigada.

Randolfe ainda acusou Mayra Pinheiro de manipular o acesso às informações e disse que há um receio de que ela possa adulterar documentos. "Tem vídeos que comprovam claramento que a senhora Mayra Pinheiro tentou manipular o acesso a informações da CPI", disse Randolfe.

Calendário da CPI

A Comissão Parlamentar de Inquérito está de recesso, assim como todo o Congresso Nacional. Porém, os trabalhos da CPI serão retomados na próxima semana e, segundo Randolfe, não há possibilidade de alteração nisso.

Na próxima terça-feira será ouvido o reverendo Amilton Gomes, da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), uma organização que também tentou negociar vacinas com o Ministério da Saúde.

Na quarta será a vez de Francisco Maximiano, da Precisa, cujo depoimento estava marcado para 14 de julho, mas foi reagendado. Na quinta, a comissão vai ouvir Túlio Silveira, um dos advogados da Precisa que esteve envolvido na elaboração dos contratos de compra da Covaxin.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.